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Brasileiros nos EUA e Canadá relatam rotina em meio ao temor do coronavírus

É início da manhã em Vancouver, no Canadá. As ruas estão vazias enquanto o brasileiro Carlos Wenderson se encaminha ao seu trabalho, na coordenação do estacionamento de um grande complexo que comporta ao mesmo tempo um Porto, um Centro de Convenções, um hotel e também um visitado ponto turístico da cidade.

Em outra época, Wenderson teria se deslocado até o trabalho de transporte público, já que no mesmo horário a esposa leva a filha mais velha para a escola, mas hoje não foi necessário. As crianças estão no chamado ‘spring break’ férias do início da primavera no país, além de que, o medo do coronavírus fez com que ele resolvesse usar o carro ao invés de se expor à possível circulação do vírus dentro de um transporte público.

Morando desde 2016 no Canadá, Wenderson contou com exclusividade ao PB Agora que essa é a primeira vez que vê algo do tipo acontecer no país. Até no trabalho o encontro com algum colega está sendo mínimo e escolas e universidades também estão realizando aulas online ou simplesmente estão fechadas.

Somente na província onde ele mora, em British Columbia, há 45 novos casos num total de 231. Dos novos casos, 13 estão atualmente internados, 7 estão em terapia intensiva, cinco se recuperaram e os demais pacientes estão em casa isolados.

“Eu não estou tendo contato com mais ninguém além da minha família. O primeiro ministro fez um pronunciamento determinando o fechamento das fronteiras. Apenas cidadãos canadenses, cidadãos americanos e residentes permanentes poderão entrar no país. Semana passada eventos com até 250 pessoas podiam ser realizados, agora esse número caiu para 50. O governo recomendou quarentena pra quem chegou de viagem recentemente ou pra quem teve contato com pessoas com suspeita de estarem contaminadas” detalhou.

Wenderson disse ainda que as medidas para minimizar o contágio também estão sendo tomadas por restaurantes e grandes redes de fastfood que não permitem mais que clientes permaneçam nos estabelecimentos além do tempo necessário para fazer o pedido e levar para casa.

“Nos restaurantes fastfood, tipo McDonalds ou cafés como Starbucks eles isolaram as mesas, então você não pode mais ficar lá sentando comendo ou trabalhando, como muita gente costuma fazer. Tem que comprar a comida e levar. A maioria dos prédios em downtown (centro da cidade) estão fechados, os escritórios estão mandando os funcionários fazerem home office” revelou.

Com relação ao desabastecimento de supermercados, o brasileiro diz que algumas prateleiras estão vazias, sobretudo as de papel higiênico.

“Alguns setores estão sim com prateleiras vazias, principalmente as de papel higiênico, não sei por qual motivo e que loucura é essa” questionou.

Prateleira quase vazia em um supermercado de Vancouver – Foto: Arquivo Pessoal/ Carlos Wenderson

Compras motivadas pelo pânico

A “loucura” relatada por Wenderson tem nome, é o chamado ‘panic buying’ ou as compras motivadas pelo pânico, onde muitas pessoas aderem à corrida por papel higiênico e outros produtos que possam ser utilizados no caso de terem que ficar em isolamento total causado pelas consequências do coronavírus.

O movimento não é verificado apenas no Canadá, em Lowell, em Massachusetts, nos Estados Unidos, nas prateleiras também falta papel higiênico e papel toalha, como relatou ao PB Agora o paraibano Júnior*, morador da cidade há um ano.

“Tem mercadoria nos supermercados, porém o reabastecimento está sendo gradual. Em alguns dias por exemplo falta água mineral, mas no outro dia reabastece, apesar disso não falta produto exceto papel higiênico e papel toalha” relatou.

O paraibano ainda disse que assim como em muitos países ao redor do mundo, nos Estados Unidos as escolas estão parando suas atividades e a população está recebendo a recomendação de permanecer em casa.

“O governo tomou algumas medidas de segurança como o fechamento de todas as escolas públicas ou privadas e das universidades. Também foi proibido que estabelecimentos comerciais tenham mais de 25 pessoas por vez, recomendou que a população fique em casa, bares e restaurantes ficarão fechados por 30 dias, algumas repartições públicas também não estão atendendo, mas o governo confirmou que a população não sofrerá prejuízo algum. Eles estão passando bastante segurança” disse.

Júnior ainda relatou que, ao seu ver, um dos setores que mais vai sofrer prejuízos é o da Construção Civil. De acordo com ele o prefeito da capital, Boston, recomendou que todas as atividades na área da construção sejam suspensas.

“Acreditamos que as outras cidades sigam a mesma recomendação. Não há emprego. A parte econômica acredito que vá abalar muito” previu.

Apesar das recomendações para conter a proliferação do coronavírus nos Estados Unidos e Canadá, tanto Wenderson quanto Júnior tranquilizaram os parentes brasileiros.

“Não há necessidade de pânico ao menos por enquanto. A população está fazendo sua parte, as autoridades também, vamos conseguir passar por essa crise”.

Nessa quarta-feira, 18, o presidente americano, Donald Trump, anunciou que a fronteira norte dos Estados Unidos com o Canadá será fechada para o “tráfego não essencial” como medida para conter o avanço do novo coronavírus. A decisão foi tomada por “consentimento mútuo” e o comércio não será afetado.

*Nome modificado para manter o sigilo da fonte

Thatiane Sonally

PB Agora

 

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