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Defensoras da inclusão social revelam como a deficiência auditiva não as limitou

O dia 3 de Março foi o dia escolhido pela Organização Mundial de Saúde para celebrar a audição, com a intenção de promover o debate sobre questões de saúde auditiva. Em 2020, a abordagem se refere à: “Não deixe a deficiência auditiva te limitar”. Neste sentido o portal colheu dados junto a integrantes do movimento #surdosqueouvem que congrega milhares de pessoas com percas auditivas em todo o Brasil.

Para Paula Pfeifer Moreira, idealizadora do projeto #surdosqueouvem e autora do livro ‘Crônicas da Surdez’, está data é de extrema importância, pois chama a atenção da sociedade para os problemas de perda auditiva que milhões de adolescentes e jovens adultos poderão vir a sofrer.

“Já são mais de 466 milhões de pessoas no mundo com surdez de grau incapacitante (fora todos os outros graus) e em breve esse número chegará a 900 milhões. É muito importante cuidar da sua audição: cuidado com o uso incessante de fones de ouvido com volume alto. Nos ajudando a disseminar essas informações neste dia, você estará salvando muitas pessoas da deficiência auditiva, além de inspirar aqueles que já tem um diagnóstico a buscarem reabilitação e qualidade de vida”, disse Paula que em 2018, ganhou US$ 1 milhão do Facebook para trabalhar e difundir o projeto ‘Crônicas da Surdez’, única proposta latino-americana a figurar como uma das cinco grandes vencedoras da competição, ao lado de representantes de Índia, França, Estados Unidos e Quênia.

Outra integrante deste movimento que destaca a importância desta data é a modelo internacional, nascida em Campina Grande Jullie Marie que já trabalhou em mais de uma dezena de países. Para ela, todos nós que cuidamos da nossa saúde, sabemos o quanto é importante à prevenção de algumas doenças e problemas de saúde que poderão vir no futuro. “Vamos falar sobre a saúde auditiva? Hoje no dia 3 de março é o Dia mundial da audição, é de suma importância para que possamos prevenir perda gradual ou súbita durante toda a vida. É preciso disseminar a informação correta sobre a audição auditiva assim como existe informações sobre a câncer de mama, e, principalmente acabar com velho tabu de que quem perde audição é coisa de ‘velho’”, disse a modelo internacional.

Jullie ainda recomendou que todos devem procurar um profissional, como fonoaudiólogo e otorrinolaringologista para fazer exames anuais, a exemplo do exame de audiometria para saber como anda a saúde auditiva. “Em pleno século 21, a tecnologia e a medicina avançaram com um propósito de ajudar aqueles que têm vários tipos de graus de perda como: perda severa moderada a severa profunda. Para aqueles que possuem deficiência auditiva é crucial pedir ao fonoaudiólogo sobre a reabilitação auditiva para que possamos viver com harmonia com a sociedade e propagar conhecimento sobre a surdez sem medo e não ter vergonha disso.  A crônica da surdez criou uma série de artes informativas no Instagram (@cronicasdasurdez) para marcar a data. E o mais bacana, existe um app gratuito para testar a sua audição hearWHO (da organização mundial da saúde). Procure um profissional e cuide da saúde da sua audição”, afirmou.

O que é um surdo que ouve?

Bem segundo a autora Paula, é um surdo que ouve! Como? Através da tecnologia dos aparelhos auditivos, implantes cocleares e próteses auditivas implantáveis. A cabeça do brasileiro padrão está setada para conectar surdez com língua de sinais, mas chegou a hora de atualizar o repertório, afinal, estamos em 2018! Você acha que um surdo que ouve é novidade? Só que não!

Um surdo que ouve pode ouvir através da audição que lhe resta (chamamos de resíduo auditivo). Caso você não saiba, existem vários graus de deficiência auditiva (leve, moderado, severo, profundo), e todos eles, na maioria dos casos, se beneficiam do uso de aparelhos auditivos. Os casos que os aparelhos não ajudam mais (deficiência auditiva severa e profunda) são em geral resolvidos com um implante coclear. Nenhum desses dispositivos cura a surdez, mas eles permitem que pessoas que não ouvem com sua audição natural ouçam através da ajuda da tecnologia.

“Não é incrível? Bem, eu acho incrível. Afinal, tenho surdez (ou deficiência auditiva, chame como quiser) de grau profundo nos dois ouvidos. Tenho dois ouvidos biônicos (implante coclear) e com eles consigo até mesmo falar no telefone ou conversar com alguém no escuro. Sem eles, não escuto absolutamente nada! Não podemos deixar de falar também das pessoas que não são usuárias de tecnologia nenhuma, mas são capazes de “ler” os lábios e, assim, entender o que os outros estão dizendo. São surdos que não ouvem, mas se comunicam como qualquer pessoa, e sem o uso de língua de sinais. É o velho estereótipo de surdo que qualquer pessoa aprendeu na escola ou na TV. O ‘surdo mudo’, o surdo que não fala, que não ouve absolutamente nada e se comunica através da língua de sinais. Eles são chamados de surdos sinalizados – ou seja, surdos que usam sinais”, disse Paula.

Crônicas da Surdez nasceu como blog, que hoje tem uma média de 110 mil visualizações mensais, transformou-se em dois livros (Crônicas da Surdez e Novas Crônicas da Surdez, ambos lançados pela Editora Plexus, e há um terceiro título em produção) e hoje é também um grupo no Facebook (https://www.facebook.com/groups/1498512443782043/) que reúne quase 14,5 mil membros com surdez que buscam na tecnologia a chance de escutar outra vez, com aparelho auditivo ou implante coclear (dispositivo eletrônico em duas partes: uma interna, introduzida cirurgicamente atrás da orelha, e outra externa, que fica aparente), além de surdos que têm indicação para o uso desses dispositivos.

PB Agora

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