Em Duna: Parte 2, o principal personagem – Paul Atreides – se une aos Fremen para enfrentar os conspiradores que destruíram sua família. Os nativos (Fremen) do planeta desértico Arrakis estão subjugados pelo poder imperial que controla “a especiaria”, mineral que expande as capacidades cognitivas dos humanos.
Diante do poder totalitário do império, os Fremen resistem e parte deles aguarda um messias político. Atreides surge como um “salvador” político face ao poderio dos inimigos. Com capacidades especiais, Atreides é alçado por seus seguidores à posição de salvador do povo.
Na luta para lidar contra a opressão, Atreides é politicamente legitimado por meio da crença de que ele seria o destinado a salvar o povo. A resposta ao totalitarismo do império é, portanto, um fundamentalismo religioso que apoia um novo líder político.
Por meio de seu carisma, Atreides é aclamado como um salvador capaz de se opor ao poder corrompido do império. O que ele faz? Convoca o povo para uma “guerra santa” capaz de libertá-los da opressão.
Se essa história continua, o resultado é esperado. O líder fundará uma nova ordem legitimada por seu carisma. A carta branca do povo para resistir ao império justificará a formação de uma nova ordem com poderes ilimitados. Só a própria vontade do salvador político poderá criar limitações para si em uma nova ordem.
Aqui reside o problema: o messianismo político tem o potencial de levar o povo de uma opressão à outra, de um abismo a outro. Apoiado em um fanatismo religioso de redenção do povo pela política, o líder pode assumir poder absoluto que corrompe absolutamente.
Anderson Paz