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EUA mudam regras de intercâmbio

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EUA restringem tipo de emprego em intercâmbio de verão

Depois de receber uma enxurrada de reclamações, o Departamento de Estado americano vai mudar regras sobre os empregos dos programas de intercâmbio de verão. Cerca de 100 mil estudantes estrangeiros viajam aos Estados Unidos todos os anos utilizando o chamado visto J-1.

As mudanças, as mais extensivas na história do programa, ocorrem depois que centenas de participantes fizeram um protesto em uma unidade da fábrica de chocolates Hershey na Pensilvânia. Eles alegam que foram forçados a trabalhar em condições exaustivas nas linhas de produção levantando caixas pesadas, normalmente em turnos da noite.

Os estudantes afirmam ainda que trabalhavam sem contato com os empregados americanos e que, depois dos descontos, recebiam tão pouco que não conseguiam bancar as viagens pelos Estados Unidos prometidas pelo programa.

O Summer Work Travel Program (Programa de Viagem Trabalho de Verão, em inglês) existe há meio século e leva dezenas de milhares de universitários todo ano para trabalhar até 3 meses nos Estados Unidos e depois viajar por um mês. O programa visa dar a estudantes estrangeiros que não são ricos a chance de conhecer país. As viagens são organizadas por agências norte americanas que encontram trabalho e moradia para os candidatos.

O Departamento de Estado diz que a "componente trabalho" do programa "muitas vezes se sobrepôs à componente cultural". O órgão afirma ainda que as mudanças correspondem a preocupações levantadas por estudantes na unidade de empacotamento da Hershey.

Os participantes que ali trabalharam ficaram "concentrados nos mesmos lugares por longas horas em funções que davam pouca ou nenhuma oportunidade para interação com os cidadãos americanos", diz o Departamento de Estado em nota para explicar as novas regras. Eles foram "expostos a riscos de trabalho e de segurança" e "submetidos a práticas predatórias por meio de deduções do salário" para moradia.

Trabalhos envolvendo massagem ou jogo são proibidos

Pelas novas regras, que começam a valer na semana que vem, os estudantes não poderão mais trabalhar em armazéns ou no processo de embalagem, em turnos da noite, ou em empregos que o governo classifica como "perigoso para a juventude". Além disso, os estudantes não poderão ser colocados em trabalhos que envolvam jogo, feiras itinerantes, massagem ou tatuagem.

A partir do dia 1 de novembro, os participantes de intercâmbio também não poderão trabalhar em fábricas, incluindo manufatura e processamento de comida. Estão proibidos também de ocupar vagas na mineração, na extração de petróleo e na maioria dos setores da construção civil.

O Departamento de Estado também estabeleceu novos requisitos para os patrocinadores desses programas. Eles deverão informar sobre as atividades culturais que estarão disponíveis aos participantes e fazer uma revisão de todos os empregos que oferecem. As colocações "devem prover oportunidades para os participantes interagirem regularmente com cidadãos americanos e experimentarem a cultura dos Estados Unidos durante a porção do programa dedicada ao trabalho", dizem as novas regras.

A maioria dos estudantes do programa trabalharam em resort, hotéis ou restaurantes como garçom, atendente, guarda-vidas ou membro de equipe de manutenção. Muitos trabalharam em parques nacionais.

Os patrocinadores também terão regras mais duras relacionadas à "confirmação" anual de que trabalhadores americanos não vão ser afetados pela chegada dos estudantes. Os empregadores não serão autorizados a contratar os participantes se fizeram suspensões coletivas de contrato de trabalho nos quatro meses anteriores.

– As regras são uma clara resposta da secretária Hillary Clinton às demandas dos estudantes – diz Saket Soni, diretor-executivo da National Guestwork Alliance, o grupo que ajudou a organizar o trabalho para os universitários que foram trabalhar na Hershey. – Eles estavam certos e a Hershey estava errada.

 

 

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