Embaixador líbio diz que jornalista brasileiro será libertado hoje
O embaixador da Líbia no Brasil, Salem Omar Abdullah Al Zubaidi, assegurou nesta quinta-feira a integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado que o jornalista brasileiro Andrei Netto, do "O Estado de S. Paulo", vai ser libertado pelo governo líbio ainda nesta quinta-feira.
O "Estado" perdeu contato há uma semana com o jornalista, enviado à Líbia, que estava no oeste do país cobrindo os conflitos. O jornal informou que, até domingo, recebia informações indiretas de que o repórter estava bem, escondido na região de Zawiya, sem poder se comunicar com o jornal por razões de segurança.
Na quarta-feira, o "Estado" recebeu indicações de que Netto tinha sido preso por tropas do governo perto de Zawiya, cidade controlada pelos rebeldes e sob intenso ataque das forças leais ao ditador Muammar Gaddafi.
Segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da comissão, o embaixador disse que as autoridades líbias estão tomando "todas as providências" para que Netto saia da prisão.
Segundo o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também conversou com o embaixador, Zubaidi disse que o jornalista foi detido por não estar com as documentações necessárias para o exercício da profissão na Líbia.
"Ele me relatou que o jornalista não teria a licença que se faz necessária à mídia para se trabalhar na Líbia. Mas que já estava sendo libertado", afirmou.
A comissão enviou ofício à Embaixada da Líbia no Brasil em protesto contra a prisão do jornalista. Os senadores também encaminharam moção de apoio ao governo de São Paulo com manifestações de indignação pelo ocorrido.
"Esperamos que não só ele, mas que todos os jornalistas que estejam detidos na Líbia sejam liberados o mais rápido possível", afirmou Paim.
Netto, 34, atua como correspondente do jornal em Paris desde 2006.
MAIS JORNALISTAS
Ele viajava com Ghaith Abdul-Ahad, repórter de cidadania iraquiana do jornal britânico "Guardian", que nesta quinta-feira confirmou que está tentado localizar o correspondente.
A publicação disse, em sua página na internet, que o repórter –que trabalha no jornal britânico desde 2004 e já foi enviado ao Iraque e ao Afeganistão– não entra em contato com o jornal desde domingo.
Os dois jornalistas estavam nos arredores de Zawiyah, uma cidade controlada por rebeldes a aproximadamente 50 quilômetros a oeste da capital Trípoli e local de violentos confrontos nos últimos dias entre insurgentes e forças leais a Muammar Gaddafi.
"O Guardian está em contato com autoridades do governo líbio em Trípoli e em Londres e pediu a eles que preste urgentemente toda a assistência na busca de Abdul-Ahad e determine se ele está detido pelas autoridades", disse o jornal.
Na quarta-feira, a BBC disse que uma de suas equipes foi detida pelas forças de segurança da Líbia, agredida e sujeita a uma falsa execução depois que seus membros foram detidos em um posto de controle no caminho à Zawiya.
Os três integrantes da equipe foram acusados de espionagem e suas vidas foram ameaçadas durante 21 horas enquanto eram mantidos por soldados e a polícia secreta leais ao líder líbio, segundo o jornal.
O governo líbio tem restringido o deslocamento de jornalistas estrangeiros em Trípoli e determinou que devem viajar acompanhados por autoridades.
Folha