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Kadafi está em cidade do deserto, diz comandante rebelde

Muammar Kadafi está numa cidade do deserto líbio, planejando uma reação, disse na quinta-feira um comandante militar do novo governo, enquanto uma conferência internacional discute os rumos do país após os 42 anos de regime autocrático e seis meses de guerra civil.

Abdel Majid Mlegta, coordenador da sala de operações militares em Trípoli, disse à Reuters que "alguém em quem confiamos" relatou que Kadafi fugiu para Bani Walid, 150 km ao sul da capital, na companhia de seu filho Saif al Islam e do seu chefe de inteligência, Abdullah al-Senoussi. A fuga teria ocorrido na semana passada, três dias depois da entrada das forças rebeldes em Trípoli.

"Eles queriam estabelecer uma sala de operações lá e conduzir operações agressivas contra nós", afirmou Mlegta. "Conversamos com notáveis da Bani Walid para prendê-lo e entregá-lo. Eles não responderam. Estamos avaliando nossa posição."

"Em quatro dias encontraremos uma solução", acrescentou. "Somos capazes de encerrar a crise, mas a ação militar por enquanto está fora de cogitação."

Bani Walid é um reduto da poderosa tribo Warfalla. "Não podemos atacar essa tribo porque muitas das nossas brigadas em Benghazi e Zintan são de Bani Walid. Os filhos de Bani Walid detêm a chave para a solução."

Combatentes do Conselho Nacional de Transição da Líbia disseram nesta semana estar a 30 km de Bani Walid.

A França está sediando uma conferência internacional sobre a Líbia nesta quinta-feira, quando líderes do CNT sentarão com as potências mundiais para discutir a reconstrução da Líbia.

Apesar de a agenda de três horas ter como foco a reconstrução política e econômica do país africano, negociações nos bastidores devem refletir as disputas por contratos lucrativos em petróleo, serviços públicos, infraestrutura e outras áreas.

Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli
Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.
 

Terra

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