Mesmo com incentivo de emissões, vistos para os EUA diminuem o ritmo

Estados Unidos e Brasil assinaram esta semana, por intermédio da secretária do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, e do ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, uma declaração de intenção para que haja a isenção de vistos entre os dois países. No último dia 30 de abril, os consulados americanos pelo País adotaram uma série de procedimentos, como a criação de postos alternativos para início do processo, com intenção de facilitar a concessão aos brasileiros.

No entanto, o que se viu nos últimos dois meses, ainda que com as tratativas diplomáticas, foi um decréscimo de vistos concedidos para ingresso nos EUA em três dos quatro consulados do Brasil: Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Apenas São Paulo manteve o trabalho intenso de aumento de concessão e acabou concentrando mais da metade das solicitações.

Em maio, um mês depois das primeiras medidas, Brasília (-29%), Rio de Janeiro (-14%), e Recife (-35%) tiveram recuo em suas atividades, na comparação com o mesmo período do ano passado. São Paulo, no caminho inverso, teve sua demanda acrescida em 22%. Os números e medidas adotadas pelos consulados reduziram sensivelmente os dias de espera para o agendamento da entrevista: dois dias em Brasília, um dia no Rio de Janeiro, dois em Recife e 13 em São Paulo. No total, foram concedidos 79.527 vistos.

No mês de junho, seguiu-se a mesma tendência, mesmo com o fim do temido tempo de espera que atrapalhava os planos de viagem de muitos turistas. Em Brasília, queda de 26% se comparada ao mesmo mês de 2011, assim como Recife, com decréscimo ainda maior: -46%. Rio de Janeiro se manteve estável, enquanto que em novo indício de que o brasileiro concentra as tentativas de visto no consulado de São Paulo, houve aumento de 66% nos vistos concedidos pelo corpo consular paulista.

São Paulo foi o fiel da balança, no final, nos 10% de aumento de vistos concedidos em junho deste ano, comparando o mesmo período do ano passado. Ainda assim, uma movimentação mais tímida em relação aos meses anteriores, seguindo a mesma comparação, quando o acréscimo de emissões em março foi 62% maior, e em abril, 51%.

A alta do dólar, claro, sempre é argumento já que deixa a viagem mais cara, mas na avaliação do professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, Márcio Scalércio, "ainda que as pessoas tendam a ser mais cautelosas nesse momento, com a moeda americana mais alta, a demanda é muito volátil. Quando chegar período de final de ano, vai aumentar a procura. Se você fizer uma série um pouco mais longa, vocês vão ver que as pessoas estão viajando muito mais".

É o que se percebe em relação aos EUA no acumulado do primeiro semestre de 2012. São 566.173 vistos concedidos, aumento de 36% em relação aos seis primeiros meses de 2011. De acordo com dados fornecidos pelo consulado dos EUA no Rio de Janeiro, cada brasileiro gasta cerca de US$ 5 mil numa viagem para os Estados Unidos. No ano passado, o Brasil foi o quarto país que mais enviou turistas para a terra do Tio Sam, atrás apenas de Reino Unido, Japão e Alemanha.

"Nós estamos fazendo todo o possível para facilitar estas viagens, e também estamos dividindo o processo de solicitação de um visto, fazendo as entrevistas, processos de renovação e recolhimento de digitais fora dos consulados. Isso dá rapidez", avaliou em entrevista exclusiva ao Terra na última semana o embaixador dos EUA em solo nacional, Thomas Shannon, enfatizando o interesse em manter a alta demanda.

Até 2013, com a criação de outros dois consulados, em Porto Alegre e Belo Horizonte, a meta é processar 1,8 milhões de vistos. "Esse aumento todo do turismo brasileiro é visto, claro, com muita alegria. Por razões óbvias, porque implica numa conexão mais forte entre nossas sociedades. Facilitou o brasileiro conhecer os Estados Unidos, e os americanos conhecerem o Brasil. Isto é algo muito positivo, porque produz empregos e outros benefícios", complementa o embaixador Shannon.

Terra