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Militar assume responsabilidade pela morte de Gaddafi

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O comandante das forças do governo interino da Líbia que capturou Muammar Gaddafi assumiu a responsabilidade pela morte do ex-líder na última quinta-feira.

Em entrevista exclusiva à BBC, Omran el Oweib disse que o coronel foi arrastado para fora do cano de drenagem onde ele foi encontrado, deu cerca de dez passos e caiu no chão ao ser atacado por um grupo de combatentes furiosos.

El Oweib afirmou que era impossível dizer quem deu o tiro fatal no ex-líder líbio.

O comandante disse ainda que tentou salvar a vida de Gaddafi, mas que ele morreu na ambulância a caminho do hospital, nos arredores de Sirte.

O porta-voz de relações exteriores do CNT (Conselho Nacional de Transição), Ahmed Gebreels, disse à BBC que já chegou ao fim a autópsia no corpo de Gaddafi, que estava marcada para este sábado (22).

Segundo e, o corpo do coronel será entregue a seus familiares ainda esta noite ou no domingo (23).

Ataque de combatentes

O comandante Omran el Oweib, um engenheiro eletricista que se tornou revolucionário, disse que alguns de seus subordinados queriam matar o coronel Gaddafi no momento de sua captura, mas ele pediu que não o fizessem.

– Eu tentei salvar a vida dele, mas não consegui. Não consegui fazer nada por dele. Mesmo que ele fosse meu inimigo, eu queria levá-lo vivo para Misrata, para julgá-lo.

Ele afirmou ainda que Gaddafi já estava ferido quando foi retirado do cano onde se escondia, mas que conseguiu dar alguns passos antes de cair no chão e ser rodeado por combatentes.

O próprio El Oweib o teria colocado em uma ambulância em direção ao hospital mais próximo.

– Nós tentamos entrar no hospital, mas estava muito cheio de pessoas feridas. Eu decidi continuar em direção ao helicóptero do hospital, mas o médico me disse que Gaddafi já tinha morrido. Gaddafi morreu na linha de frente. Eu sou responsável por isso, eu sou o comandante.

Corpos

Filas com centenas de pessoas se formaram em Misrata, no norte do país, para ver os corpos de Gaddafi e seu filho, Mutassim, que estavam sendo mantidos em um contêiner refrigerado durante os últimos dois dias, e já começavam a se decompor.

O funeral vem sendo adiado, contrariando a tradição muçulmana, aparentemente devido a desentendimentos entre as diversas facções que derrubaram o regime sobre o que fazer com o corpo.

O correspondente da BBC em Misrata, Gabriel Gatehouse, que visitou o contêiner, disse que Gaddafi tinha diversos ferimentos no corpo e, aparentemente, na cabeça.

De acordo com ele, o corpo é facilmente reconhecível como sendo o de Gaddafi. Na fila, pessoas dizem "Deus é grande" e cobrem o rosto para se proteger contra o mau cheiro dos corpos.

Mais cedo, a família do coronel pediu que os corpos fossem liberados o mais rapidamente possível e, assim como a ONU (Organização das Nações Unidas), defendeu uma investigação completa sobre as circunstâncias da morte do ex-líder líbio.

Autoridades do governo interino haviam dito que pretendiam realizar uma cerimônia fúnebre secreta, mas o funeral que, segundo a tradição islâmica, tem de ocorrer o mais rápido possível, foi adiado em meio a incertezas sobre o que fazer com o corpo e sobre onde enterrá-lo.

O governo americano pediu que o CNT explique os acontecimentos de quinta-feira de "forma aberta e transparente", enquanto a Rússia disse que a forma como o ex-líder morreu "levanta uma série de questões".

Libertação nacional

O CNT anunciou que realizará uma cerimônia para declarar a libertação formal da Líbia neste domingo.

As primeiras eleições devem acontecer até junho de 2012, segundo o premiê interino Mahmoud Jibril, que participa de um encontro do Fórum Econômica Mundial, na Jordânia.

– O Congresso Nacional da Líbia tem duas funções: a primeira é preparar uma constituição que será submetida a um referendo e a segunda, formar um governo interino que deverá durar até que as primeiras eleições presidenciais sejam realizadas.

Ao mesmo tempo, a Otan – que age na Líbia com anuência de um mandado da ONU – se prepara para concluir suas operações militares no país norte-africano.

O secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, disse que em princípio a ofensiva será mantida até 31 de outubro, e que a Otan vai garantir que "não haja ataques contra civis durante o período de transição".

BBC Brasil

 

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