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Músico, famoso por papel em Game of Thrones, está morrendo com câncer

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 Wilko Johnson é fundador de uma banda da qual você nunca ouviu falar, mas foi uma das mais importantes do rock nos anos 70. Chama-se Dr. Feelgood. “Durante exatos 18 meses, eles foram os maiores da Inglaterra”, diz o documentarista Julian Temple. Representante do chamado “pub rock”, um som cru, meio mal tocado e alcoolizado, o Dr. Feelgood influenciou toda a cena punk londrina. Wilco era idolatrado por aqueles garotos esquisitos, com seu estilo de martelar a Telecaster, a energia e os olhos esbugalhados brilhando no palco. “Em duas palavras: gênio absoluto”, me diz meu amigo Paulo Zappa, enciclopédia musical palestrina.

 

Wilco Johnson está morrendo.

 

Aos 66 anos, ele foi diagnosticado em janeiro com câncer no pâncreas. Seu médico disse que o tumor tinha o tamanho de uma bola pequena de futebol. Deram-lhe 10 meses de vida. Recomendaram-lhe repouso e quimioterapia. O que ele fez?

 

Wilco Johnson organizou uma turnê e tocou os hits do Dr Feelgood para plateias lotadas. “Cada minuto tem sido como um bônus para mim. Eu posso ficar doente e parar a qualquer momento. Mas estou tentando me divertir antes que isso aconteça”, diz.

 

Wilco acabou ficando famoso na TV pelo papel de um carrasco na série Game of Thrones. “Com a quimio, eu poderia ter um ano a mais. Mas eu não quero ter um ano a mais a qualquer preço”, conta. Oito anos atrás, sua mulher Irene morreu de câncer. Era sua namorada de adolescência. Ele aprendeu com a experiência. “Não tenho mais ambição ou esperanças”, afirma. “E isso é libertador”.

 

Wilco faz shows de mais de duas horas. O último do tour aconteceu há poucas semanas. Ele fechou com o clássico dos clássicos, “Johnny Be Goode”, de Chuck Berry. No refrão, ao invés de “Go, Johnny, go, go, go”, cantou “Bye, Johnny, Bye, Bye, Bye”. Depois que saiu de cena, a audiência entoou seu nome por 10 minutos.

 

O guitarrista adquiriu o hábito de ir a bares sozinho, sentar num canto e checar o movimento. “Eu olho para as pessoas andando para cima e para baixo nas ruas e não consigo deixar de pensar: vocês não sabem. Vocês não sabem o que é estar vivo”.

Diário do Centro do Mundo

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