Pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA) ocultaram erros na compilação de dados utilizados para comprovar a teoria da influência humana no aquecimento global. O novo escândalo foi revelado ontem pelo jornal britânico The Guardian, que investigou mais de 2 mil e-mails da UEA.
O jornal aponta evidências de que os dados obtidos em estações meteorológicas chinesas na segunda metade do século 20 não sustentariam a tese de um paper publicado na Nature, em 1990, pelos pesquisadores Phil Jones, da UEA, e Wei-Chyung Wang, da Universidade de Albany (EUA). O estudo separava as estações conforme a localização ? zona rural ou urbana. Tudo indica que não existiam dados para realizar a separação.
O trabalho serviu como base para o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) concluir que o aquecimento causado pela urbanização tem um efeito pequeno quando comparado ao aquecimento causado pelo gás carbônico.
O incidente aparece em um momento ruim para o IPCC, que acaba de admitir que o dado publicado no relatório de 2007 de que as geleiras do Himalaia podem desaparecer até 2035 está mal fundamentada.
O The Guardian também informou que a justiça inglesa efetuou 105 requisições de esclarecimentos sobre os estudos à UEA. Apenas dez foram respondidas de forma satisfatória.
O jornal Sunday Times publicou no domingo que o IPCC incluiu no documento informações imprecisas sobre a suscetibilidade da floresta amazônica à redução de chuvas. A frase questionada é: "Até 40% das florestas amazônicas poderiam reagir drasticamente até mesmo a uma pequena redução na precipitação."
Segundo Daniel Nepstad, coordenador de pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o dado "está correto". Ele avalia, porém, que houve uma falha do IPCC ao usar como fonte texto da ONG WWF em vez de mencionar a literatura primária sobre o assunto ? pesquisas publicadas em revistas como a Nature.
Estadão