No livro “O Vaticano e Hitler”, o historiador Godman apresenta a política do Vaticano diante do avanço dos nazistas. Analisando vários documentos do próprio Vaticano, a obra abrange o período do pontificado de Pio XI até 1939, ano do início da Segunda Guerra Mundial.
Em 1933, o Vaticano assinou uma concordata com Hitler em que reconhecia o governo deste na Alemanha em troca da promessa de proteção jurídica dos católicos alemães de perseguições antirreligiosas. A partir disso, o Papa Pio XI assumiu uma postura hesitante e reticente.
As coisas pioraram. Mesmo com graves denúncias de perseguição antissemita do regime, o Papa Pio XI e seu braço direito Eugenio Pacelli – que se tornaria o Papa Pio XII em 1939 – mantiveram-se em silêncio.
Apesar de fortes sugestões dos jesuítas por uma crítica severa à “religião política” dos nazistas, em 1935, Pacceli e o Papa escolheram a diplomacia de apaziguamento e melhor oportunidade. Basicamente, o Vaticano criticava os nazistas por violarem os termos da concordata.
Se não bastasse, o bispo Alois Hudal cedeu e começou a apoiar a aproximação da Igreja ao nazismo. Mesmo o Vaticano se afastando dessa ideia absurda, em 1936, o Papa voltou suas críticas apenas ao comunismo, com receio de criticar e piorar a situação na Alemanha.
Em 1937, diante de um cenário já desolador, o Papa publicou uma encíclica com críticas não severas ao regime nazista. Mesmo após a Noite dos Cristais, em 1938, o Vaticano não rompeu totalmente com os nazistas.
Até a morte do Papa Pio XI, em geral, o Vaticano limitou-se a emitir textos gerais de crítica à violação dos termos da concordata. A lição é: a sabedoria nem sempre é o silêncio e o apaziguamento. Diante do mal absoluto, calar-se é um mal absoluto.
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