A agência de desenvolvimento da ONU se juntou nesta sexta-feira aos pedidos para o perdão da dívida externa do Haiti, que é de US$ 1 bilhão [cerca de R$ 1,8 bilhão] em resposta ao terremoto que devastou o país no último dia 12.
A Conferência da Organização das Nações Unidas em Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês) apoiou os pedidos do Fundo Monetário Internacional por um esforço de financiamento semelhante ao plano Marshall dos Estados Unidos que reconstruiu a Europa após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
"A UNCTAD acredita que essa tarefa deve começar com o cancelamento imediato e total das obrigações de dívida existentes do Haiti", afirmou em uma declaração.
A UNCTAD disse que um estudo sobre o efeito de 21 desastres naturais em países pobres entre 1980 e 2008 apontaram um acréscimo de 24 pontos percentuais na proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) das nações nos três anos seguintes.
"Impactos em tal escala podem iniciar um ciclo vicioso de miséria econômica, maior financiamento externo, serviços de dívida onerosos e investimentos insuficientes para acalmar choques futuros", afirmou.
O Haiti perdeu 60% de seu PIB no desastre, disse na segunda-feira (25) o primeiro-ministro Jean-Max Bellerive, referindo-se à concentração da economia na capital Porto Príncipe, próxima ao epicentro do forte terremoto de magnitude 7.
A UNCTAD disse que os credores deveriam declarar a moratória da dívida do Haiti, seguida do cancelamento o mais rápido possível.
Alimentos
Enquanto isso, mais de duas semanas após o terremoto, apenas 67% da população atingida e que perdeu tudo no desastre recebe comida das organizações de ajuda.
A ONU distribuiu ontem 458 mil refeições e outras 70 mil foram oferecidas por outras entidades, frente a mais de 1 milhão de pessoas que estão nas ruas.
Outro problema é a necessidade imediata de abrigar as vítimas em acampamentos que muito provavelmente não suportarão a temporada de chuvas e furacões que se aproxima.
"Temos que agir rápido e, atualmente, os responsáveis da ONU avaliam qual é a melhor solução, porque sabemos que não se pode instalar as pessoas em abrigos temporários", disse Byrs à Efe.
Sobre isso, o porta-voz da Organização Internacional de Migrações (OIM), Jean-Philippe Chauzy, disse que, diante da urgência, planeja-se instalar acampamentos de até 10 mil ou 15 mil pessoas, com a ideia de levá-las depois a alojamentos mais sólidos.
Tragédia
O terremoto aconteceu às 16h53 do último dia 12 (19h53 no horário de Brasília) e teve epicentro a 15 quilômetros de Porto Príncipe, que ficou virtualmente devastada. O Palácio Nacional e a maioria dos prédios oficiais desabaram. O mesmo aconteceu na sede da Minustah, missão de paz da ONU, liderada militarmente pelo Brasil.
Ainda não há um dado preciso do total de mortos. O balanço das Nações Unidas divulgado nesta segunda-feira indica um total de 112.250 mortos e outros 194 mil feridos. Já o governo haitiano confirmou neste domingo que o número de mortos no país já atingiu 150 mil somente na região metropolitana de Porto Príncipe.
Entre os brasileiros, 21 morreram, sendo 18 militares e três civis –a brasileira Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, o chefe-adjunto civil da missão da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa, e uma brasileira com dupla-cidadania europeia que não teve a identidade divulgada a pedido da família.
Folha Online