Da janela da sua casa, na cidade de Vicoforte, Região de Piemonte, Norte da Itália, de onde costumeiramente a paraibana Fernanda Oliveira costumava ver centenas de fiéis e turistas lotarem a praça em frente ao maior Santuário de cúpula oval da Europa, o que se observa hoje é apenas o vazio e junto com ele a apreensão em torno da pandemia do coronavírus, que colocou todo o país em quarentena.
De acordo com Fernanda, em contato com o PB Agora nesta segunda-feira (16), o surto do coronavírus no país mudou a rotina de todos os italianos e daqueles que escolheram a Itália como lar.
“O primeiro ministro da Itália determinou que todas as pessoas devem estar em casa em estado de quarentena e quem, em teoria, pode sair precisa portar uma autocertificação que confirma a necessidade de ir trabalhar, fazer compras, ir à farmácia, ou seja situações de extrema necessidade. Ainda há supermercados abertos, farmácias e algumas empresas. Caso alguém seja parado pelos policiais ou pela guarda municipal e não tenha essa certificação, nem apresente justificativa plausível, pode ser multado ou encaminhado a uma delegacia para responder a um processo penal” revelou.
Fernanda confirmou que assim como acontece em toda a Itália, Vicoforte, cidade com 3.113 habitantes, mas com grande fluxo de turistas durante todo o ano, nestes últimos dias mais parece uma cidade abandonada. Poucas pessoas se arriscam à sair nas ruas e os prejuízos, segundo ela, devem ser imensos.
“Se fala todo dia nos jornais, tá tudo fechado, não se sabe como vai ficar o turismo depois disso e a situação principalmente das pequenas empresas. Por exemplo meu marido é pizzaiolo e o restaurante em que ele trabalha declarou que depois que passar tudo isso vai ter que sentar com todo o mundo e ver que rumos irão tomar. Obviamente quem abriu empresa recentemente, quem tem pequenas empresas serão os maiores prejudicados, mas a economia como um todo vai ter uma queda muito grande principalmente o setor turístico apesar do governo estar tomando medidas para preservar essas empresas. A situação é muito difícil, a gente vê o medo nos olhos das pessoas, a apreensão” declarou.
A rapidez com que o coronavírus se espalhou por toda a Itália também acendeu um alerta em outros países e de acordo com Fernanda não foi por falta de aviso, já que desde os primeiros casos registrados no país, o governo já pedia às pessoas que tomassem as medidas necessárias.
“Há um mês atrás existiam menos de 200 casos, o governo não fez nenhum alarme mas já pedia às pessoas que tomassem medidas de proteção como lavar as mãos e evitar lugares aglomerados e o que aconteceu: foram impedidos todo o tipo de eventos e manifestações com grande público, não podia ter missa, a escola foi fechada, partidas de futebol foram canceladas mas o que aconteceu aqui infelizmente – as crianças estavam em casa com as escolas fechadas e muitas famílias aproveitaram esse período e foram passear. Eu sinceramente não acredito que a Itália não tenha tomado providência inicial, mas no início não foi tão efetivo porque as pessoas não processaram as informações e não fizeram de acordo como foi pedido” argumentou.
Medo de desabastecimento
Ainda de acordo com a paraibana, na sua região não há o medo do desabastecimento, mas supermercados estão adotando medidas para que entrem apenas pequenos grupos por vez, o que faz com que filas sejam formadas nas entradas dos estabelecimentos, sendo que cada pessoa tem que obedecer a distância de no mínimo um metro entre cada uma.
Entretanto álcool em gel, máscaras e itens de higiene no geral estão em falta em alguns locais.
“Na hora do pânico as prateleiras ficaram sim vazias, mas no geral não há desabastecimento, mas a situação é bem complicada até pra gente que está em casa. Mas a gente sabe que é necessário. Existe uma corrente muito forte que tá inundando toda a Itália, que nos faz crer que tudo vai ficar bem. Estou vendo uma coisa que nunca imaginei ver, está todo mundo unido em prol de uma coisa maior. É difícil, cansativo, estressante, dá medo, mas a gente tem a esperança de que vai conseguir passar por essa” desabafa a brasileira, que diz que enquanto pesquisadora acredita na Ciência e na possibilidade de que pesquisadores encontrem a cura para o coronavírus.
“Sou brasileira, amo meu país, mas hoje mais do que nunca estou apaixonada pela Itália. Fico feliz de mesmo passando por essa dificuldade, contribuir nem que seja fazendo minha parte como cidadã. Como pesquisadora que sou tenho muita fé na Ciência e acredito muito na pesquisa, então tenho certeza que vão encontrar sim a cura e que isso sirva para os céticos valorizarem a Ciência principalmente no Brasil, valorizem a pesquisa e invistam nisso. Que haja a mudança” concluiu.
Apesar dos casos registrados, Holanda mantém o ‘pé no chão’
Em outra parte da Europa, a pernambucana Anny Gomes, que mora em Amsterdã, na Holanda, não vê o país em meio à quarentena que assombra a Itália, mas de toda a forma o medo do novo vírus faz holandeses e estrangeiros que moram na região, ligarem o sinal de alerta.
No país há até agora 1.413 pessoas que testaram positivo e vinte quatro foram mortos por causa do coronavírus. De acordo com Anny o Ministério da Saúde holandês ainda informa que 205 pessoas estão nos hospitais, já que lá apenas pacientes em estado grave são admitidos.
“Nós aqui estamos trabalhando de casa. Os nossos vizinhos também. Nós escutamos as crianças brincando na rua, mas vemos todos mantendo distância. Universidades passaram a dar aulas on-line. Desde ontem, escolas e berçários estão fechados – com exceção para quem trabalha em serviços essenciais (polícia, saúde, etc). Restaurantes, cafés, coffeeshops (as lojas que vendem maconha), academias, clubes de swing – que são comuns na cidade – devem ficar fechados até o dia 6 de abril” revelou.
Economia é uma das grandes preocupações
Ainda de acordo com Anny, os holandeses são muito ‘pé o chão’, com isso, apesar da preocupação todos estão fazendo o possível para que a vida e as atividades diárias não sofram grande impacto
“Os holandeses são muito pé no chão. Todo mundo está preocupado, mas está fazendo o possível pra manter a vida ok e esperando passar essa situação. Eu fiquei bem tensa ontem, depois das medidas e me preocupei com o impacto na economia. Mas isso só esperar pra ver. Mas aqui não temos lockdown como na Itália e Espanha. Outra coisa que me deixa mais tensa: aqui não testam todo mundo. Só se você tiver os sintomas por pelo menos 5 dias. Então, ficar em casa é muito importante” alertou.
Anny, que é jornalista por formação e trabalha com consultoria em marketing também disse ter ficado chocada com as manifestações ocorridas no Brasil durante o final de semana, já que a recomendação mundial é para que esse tipo de atividade seja evitada.
“As pessoas não tem noção do perigo… acham que é só uma gripe. Mas não é. É um vírus que ninguém conhece. Não se sabe nem ao certo os impactos futuros. Muita irresponsabilidade” sentenciou.
Já em Portugal, para onde se mudou há poucos dias com o marido, a paraibana e ex-colaboradora do PB Agora, Vanessa de Melo também detalhou para a nossa reportagem como está sendo viver em meio ao medo da pandemia.
A jornalista disse que a recomendação das autoridades segue o mesmo padrão que nos outros países da Europa: evitem sair de casa – é o mantra que o governo está repetindo à exaustão.
Na cidade de Viseu onde está morando, considerada a melhor cidade para se viver em Portugal, poucas pessoas são vistas nas ruas. Escolas, universidades e cursos foram paralisados, museus e espetáculos fechados ou adiados e jogos são realizados com portões fechados. Essas são algumas das medidas de combate ao temido coronavírus no país.
“São 245 casos confirmados e uma morte foi registrada em decorrência do Covid-19. Há quarentena e isolamento voluntário” revelou Vanessa.
Confira no vídeo:
Thatiane Sonally
PB Agora
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