A crise diplomática entre Turquia e Rússia ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira durante o pronunciamento à nação feito pelo presidente do país, Vladimir Putin. Segundo o mandatário, os turcos "se arrependerão" de ter abatido um caça militar russo na fronteira com a Síria.
"A Turquia se arrependerá mais de uma vez daquilo que vez. Qualquer tipo de negócio criminoso e sanguinário é inadmissível", afirmou o líder político. Porém, ao mesmo tempo, Putin destacou que considera "amigável" o povo turco e que as críticas são apenas para o governo de Ancara.
De acordo com o chefe do Kremlim, as sanções não ficarão apenas no campo econômico e que quem acha isso "está errando por muito".
Voltando a acusar os líderes da Turquia de serem cúmplices dos extremistas do Estado Islâmico (EI, ex-Isis), Putin fez uma promessa e disse que "não esqueceremos jamais o abatimento do caça militar". Para o presidente, seu homólogo é diretamente responsável pela morte dos dois pilotos que estavam no caça.
Resposta turca
Em resposta, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que tem provas do envolvimento da Rússia com os jihadistas do EI, segundo informaram as agências de notícias turcas.
"Temos as provas em nossas mãos e começaremos a revelar isso ao mundo", disse o mandatário citando em particular a suposta participação do empresário sírio George Haswani, que teria "passaporte russo", como um dos responsáveis pelo tráfico de petróleo.
Segundo ele, as acusações russas precisam ser "obrigatoriamente provadas" pelo governo. "Envolver minha família nessa questão é contrário aos valores morais", disse Erdogan à agência de notícias estatal Anadolu.
Entenda o caso
A crise diplomática entre os dois países começou no dia 24 de novembro, quando os militares turcos abateram um caça militar da Rússia que havia invadido o espaço aéreo. Os russos atuam na região para combater o EI na Síria.
Segundo o Ancara, os pilotos foram alertados 10 vezes sobre o fato de ter invadido o espaço aéreo e que essa invasão durou 17 segundos. Já Moscou diz que "nem por um segundo" sua aeronave saiu do território sírio e que a ação da Turquia "foi uma punhalada pelas costas".
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