Longe de sua pátria e vivendo em terras distantes, em um país de língua diferente, costumes e cultura estranhas. A crise política da Venezuela, praticamente expulsou Juan Perez e família de seu país.
De etnia indígena, Juan deixou para trás, suas raízes, sonhos e as tradições da terra natal. Sem ter emprego para sustentar a família, ele migrou para o Brasil, e ultimamente encontrou refúgio e abrigo no Terminal Rodoviário de Passageiros Argemiro Figueiredo em Campina Grande.
Ao PB Agora, o refugiado venezuelano contou um pouco do seu drama e da odisseia de seus conterrâneos em terras estrangeiras.
Ele relatou que a situação na Venezuela estava crítica e insustentável para sobreviver. A crise política no país, provocou uma gigantesca onda de desempregados, e fez encolher o valor do salário mínimo. O salário segundo ele, não é suficiente para garantir as condições mínimas de sobrevivência. No país vizinho falta tudo. E sobra aperreios, dificuldades e sofrimento.
Com a esposa e mais três filhos, Juan Perez peregrinou por algumas cidades brasileiras até chegar a Recife, e desde o último mês de janeiro, está provisoriamente morando no Terminal Argemiro de Figueiredo.
Ele integra um grupo formado por cerca de 25 estrangeiros, que fugiram da crise e aportaram na Rainha da Borborema. A saga dos imigrantes tem chamado a atenção dos campinenses. Eles chegaram aqui vindos de Uber. A estimativa é que cerca de 100 imigrantes estejam vivendo nessa mesma situação na cidade.
Na entrevista ao PB Agora, Juan contou que na Venezuela trabalhava como assistente de serviços gerais e pedreiro. O salário era mínimo. Com o agravamento da crise, o trabalho ficou mais difícil.
O imigrante revelou que o maior desejo do grupo é voltar para Recife e encontrar com os conterrâneos que também estão refugiados no terminal rodoviário. Voltar para a Venezuela, por enquanto está descartado.
Ele agradeceu a hospitalidade dos campinenses. Disse que o povo de Campina é acolhedor e tem ajudado com muitas doações de alimentos.
Dormindo na calçada, expostos ao sol e a chuva, e com pertences espalhados pelo chão homens, mulheres e crianças, se refugiam no Terminal enquanto aguardam melhores condições para partirem ao próximo destino. Os estrangeiros chegaram em diferentes semanas do mês de janeiro deste ano.
Os venezuelanos passam o dia pedindo nos sinais e ruas centrais de Campina Grande e retornam ao final da tarde para dormir. Na rodoviária eles guardam os pertences no “guarda volume” e pagam pelo serviço. Quando o dia amanhece, a rotina se repete.
Sem trabalho, o grupo vive de doações de alimentos e dos poucos trocados com doações. As necessidades básicas, como ir ao banheiro, são feitas na própria rodoviária. A Paraíba tem se tornado um destino para refugiados e migrantes.
Para tentar resolver o problema, o Ministério Público do Trabalho convocou uma reunião com a Prefeitura Municipal, autoridades de segurança e outros órgãos.
A Secretaria de Assistência Social, chegou a disponibilizar um abrigo para acolher os imigrantes. A maioria rejeitou a proposta. Inicialmente o Ministério Público identificou 27 imigrantes, mas a SEMAS garante que o número extrapola os 100 estrangeiros, e que eles ficam migrando para João Pessoa e Caruaru. O MPT abriu um inquérito civil público para apurar a situação dessas famílias.
Segundo Juan Perez, as venezuelanos só querem retornar para Recife.
Desde o início da crise na Venezuela, cerca de 350 famílias migraram para à Paraíba, um dos 17 estados brasileiros que acolheram os estrangeiros.
Desde o início do êxodo venezuelano, que já tirou cerca de 4 milhões de pessoas do país de acordo com dados mais recentes da Agência da ONU para os Refugiados (Acnur), famílias buscam refúgio em outros países.
O processo de interiorização dos venezuelanos começou em abril de 2018 e é organizado pela Casa Civil da Presidência da República, junto com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur).
Veja a entrevista:
Severino Lopes
PB Agora
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