Um VT e um documentário produzidos pela TV Assembleia foram exibidos durante a sessão, apresentando aos participantes e expectadores a trajetória de vida, além de obras e ideias de Celso Furtado. Durante toda esta semana, as redes sociais e a TV da Casa de Epitácio Pessoa fizeram homenagens ao economista.
Doutor em economia pela Universidade de Paris-Sorbonne, Celso Furtado integrou a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas, em 1949. Nascido no município de Pombal, no Sertão paraibano, em 26 de julho de 1920, Celso Furtado também foi diretor do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico em 1953 e, em 1959, fundou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.
A deputada Pollyanna Dutra apresentou o economista como um homem apaixonado pelo Brasil e bastante sensível aos problemas sociais. Segundo a parlamentar, as ideias sobre o desenvolvimento econômico e o subdesenvolvimento enfatizavam o papel do Estado na economia. “Ele coloca dentro da economia as vertentes social, ambiental e cultural. É muito atual e novo o pensamento dele”, analisou Pollyanna.
A parlamentar reforçou que com a criação da Sudene Celso Furtado conseguiu, naquela época, fazer a política a ter contato com a ciência, algo que nos dias atuais é extremamente valoroso. “O pensamento de Celso Furtado é, não só da Paraíba ou do Brasil, mas é um patrimônio da humanidade. Aquele que ajudou a pensar o Brasil merece todas as nossas homenagens. O seu pensamento vive e é muito atual. Celso Furtado vive”, concluiu Pollyanna.
“Celso Furtado é daqueles intelectuais considerados um dos criadores do Brasil”, avaliou a deputada estadual Cida Ramos. Para a parlamentar, o economista foi um homem de ação, um político na mais alta acepção do termo. “Um criador de instituições. A vida inteira Celso foi um homem apaixonado pelo Brasil. Foi um servidor do Brasil e morreu preocupado com o destino da nação. Foi fiel ao pensamento que tanto contribuiu com o nosso país”, declarou a deputada. Cida destacou ainda a necessidade de sermos fieis aos pensamentos de Celso, pois, eles contribuem com o desenvolvimento de regiões e torna o Brasil desenvolvido.
A jornalista Rosa Freire, viúva de Celso Furtado, relatou memórias do período de convivência com o economista. Para ela, a homenagem realizada pela Assembleia Legislativa a Celso Furtado é um reencontro com o economista. “Essas homenagens são prazerosas e me dão muita alegria. Meu desejo é que um pouco do que Celso pensou chegue às novas gerações e que estas novas gerações leiam Celso”. Segundo Rosa Freire, além das homenagens realizadas no Brasil, celebrações estão acontecendo também na França, em Portugal e na Inglaterra.
O economista André Furtado, filho de Celso Furtado, ressaltou que a trajetória de seu pai foi demarcada aqui no Nordeste e essa marca do seu pensamento foi o que fez de Celso Furtado um personagem tão importante. “Uma grande característica do meu pai foi essa busca incessante do conhecimento, que o fez viajar o mundo. Essa trajetória pessoal foi marcada pela tradução desse conhecimento. Ele foi um intelectual que aprendeu e buscou entender como funcionava o Brasil, a partir de uma perspectiva mundial”, afirmou.
André acrescentou ainda que seu pai conseguiu aplicar de fato a economia à realidade social do Brasil, contribuindo ativamente com a transformação da nossa sociedade. Ele revelou que seu pai foi um homem que dedicou a vida à economia voltada para o desenvolvimento igualitário, levando em consideração as especificidades do país. “A criação da Sudene traduz o esforço dele em buscar essa transformação. Ele traduziu a situação do Nordeste como uma situação socioeconômica e não climática. Sofreu com a oposição da elite brasileira, porque percebeu que existia no Brasil uma combinação de forças políticas, que jogavam o país em uma dependência permanente e um crescimento muito medíocre”, analisou o economista.
O representante do Núcleo Multidisciplinar Celso Furtado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o economista Alexandre Lyra Martins, disse que o homenageado foi um economista que produziu uma teoria riquíssima com influência de historiadores e sociólogos, desta forma, as homenagens feitas a ele são mais do que justas. “Temos que homenagear esses pensadores que propõem questões à sociedade para a sua melhora, temos que homenagear pacifistas, pessoas que constroem e não pessoas que querem abalar as instituições, são essas instituições que permitem o desenvolvimento”, refletiu Alexandre.
O presidente do Conselho Regional de Economia (CORECON-PB), Celso Pinto, declarou que as homenagens ao centenário de Celso Furtado tiveram início ainda em 2018, quando o Conselho, na Paraíba, passou a organizar celebrações nacionais em alusão ao centenário do economista. O presidente do CORECON-PB classifica o paraibano como um grande mestre que, com as suas ideias, se tornou um verdadeiro pai da economia para todos os brasileiros. “Para nós, economistas, se reveste de mais de conteúdo do que de forma, porque entendemos que é a qualidade de quem consegue ensinar que forma seus discípulos e Celso Furtado foi um grande professor”, concluiu Celso Pinto.
O secretário estadual de Educação, Cláudio Furtado, disse que Celso Furtado é o maior expoente da ciência paraibana. “Celso tem uma visão econômica e social focada no desenvolvimento, que se tornou muito importante para um estado como o nosso, inserido no semiárido, onde o desenvolvimento regional é fundamental para que possamos enriquecer”, afirmou.
Cláudio declarou que a Educação estadual tem utilizado as obras de Celso Furtado para organizar eventos e ações, com a participação dos alunos, para que haja uma integração de forma didática às ideias do economista. “A Secretaria de Educação lançou o Desafio Celso Furtado que é uma maneira para que os estudantes possam olhar para os problemas regionais e locais e fazer uma conexão com os objetivos do desenvolvimento sustentável”, afirmou o secretário.
A homenagem feita através de videoconferência contou ainda com a participação do superintendente do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Evaldo Cruz; do professor Raimundo Barroso, representando a reitora da UFPB, Margarete Diniz; do presidente e o ex-presidente do Fórum Celso Furtado do Desenvolvimento da Paraíba, os economistas Rômulo Soares Polari e Francisco Nunes de Almeida, respectivamente; da Jornalista Naná Garcez; e do diretor-presidente do Centro Internacional Celso Furtado e ex-senador, Roberto Saturnino.