A eleição de João Pessoa não é um baile funk, mas deve dançar a melodia do ‘beijinho no ombro’, hit imortalizado pela cantora Valeska Popozuda, sendo regada de ‘tiro, porrada e bomba’. Não literalmente (eu espero), mas na troca de farpas entre aliados.
Até dia 15 de novembro, do pescoço pra baixo é canela, e os ataques são impiedosos. Desde deficiências físicas, peso, estatura, fisionomia, a problemas com a justiça, denúncias, problemas conjugais ou histórias mal contadas, se tornaram munição. Tudo para tentar passar no ‘peneirão’ do primeiro turno do pleito.
Das 13 candidaturas postas, pelo menos sete protagonizam o debate nesse sentido: Cícero Lucena (PSDB), tachado de esqueleto por Ricardo Coutinho; Walber Virgolino (Patriotas), tachado de Tribufu, também pelo ex-governador Ricardo Coutinho; Ruy Carneiro (PSDB), cutucado pelo socialista por ter o sotaque carioca; Nilvan Ferreira (MDB), identificado como ‘cuspidor de microfone’, alcunha também dada pelo ex-governador Ricardo Coutinho; Anísio Maia (PT), apontado por – nada mais nada menos – Ricardo como sem votos e mero laranja do governador João Azevêdo e ainda a professora Edilma Freire (PV), tachada como candidata insossa pelo ex-gestor. Ricardo, por sua vez, é lembrado como presidiário, corrupto, ladrão, autoritário, coronel, feioso, entre tantos outros adjetivos nada republicanos.
De um lado tiro, do outro porrada, e no final a bomba de fumaça. As propostas por enquanto viraram peça coadjuvante. Em meio a tantas novidades, até mesmo o candidato Raoni Mendes, do DEM, ensaiou um fato novo. Anunciou um comunicado às 11h25 de hoje afirmando que ‘nem sempre desistir é um ato de covardia’, levando todos a acreditar que desistiria da disputa para apoiar Cícero, justamente pela escolha do horário do anúncio. A expectativa, no entanto, virou frustração. O anúncio era apenas para dizer, em tese, que desistiu de abrir mão das oportunidades e que dessa vez será candidato sim.
Enquanto isso, as outras cinco postulações, por enquanto, fogem desse debate subterrâneo. Tem entoado seu conteúdo cumprindo a metodologia de seus partidos, adotando coerência, mesmo aparentemente sem um leque de alianças viável para ultrapassar o primeiro turno do pleito.
O argumento adotado pelo ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), para tentar obrigar o PT a desistir da candidatura própria na disputa pela prefeitura de João Pessoa alegando que a postulação seria uma espécie de ‘candidatura laranja’ para favorecer o grupo do governador João Azevêdo (Cidadania), foi tratada como desespero pelo deputado estadual Anísio Maia, que afirmou que a tese sequer deve ser levada em consideração.
“E essa história de ser laranja de João Azevêdo isso é uma acusação que não levo nem em conta, porque todos sabem da minha história porque quando discordo de uma coisa eu voto contra. Fiz isso com Ricardo Coutinho e fiz isso com João Azevêdo. Não acho que nós devemos ser subordinados a ninguém. Portanto, seguiremos firmes”, ressaltou.
Na lógica do ex-governador Ricardo Coutinho, Anísio Maia não teria votos para encabeçar a disputa e, portanto, estaria agindo apenas para atrapalhar a postulação do PSB e, ao mesmo tempo, contemplar a candidatura do nome apoiado pelo governador João Azevêdo (Cidadania).
É de se estranhar que uma deputada federal de primeiro mandato vá abrir mão do cargo, que vem regado de regalias, para ocupar uma futura vaga de vice-prefeita de uma cidade do interior do Estado. A movimentação foi registrada na cidade de Monteiro/PB. Isso porque a deputada federal Edna Henrique (PSDB) colocou o nome na disputa como vice, mas, se ganhar, pode sequer tomar posse. Há quem diga que a postulação é apenas de fachada, para cumprir tabela e, na hora da ‘onça beber água’ a deputada não vai renunciar ao mandato na Câmara dos Deputados caso sua chapa saia vencedora.
Com a intervenção do PT e Anísio Maia fora do páreo, formaram-se, então as 13 seguintes chapas para a Prefeitura de João Pessoa.
A presença do presidente Jair Bolsonaro em solo paraibano nesta quinta-feira (17) deixou evidente duas constatações. O prestígio do deputado federal Efraim Filho (DEM) e a decisão do presidente em manter o deputado federal Julian Lemos (PSL), seu ex-braço direito, longe da sua companhia.
Márcia Dias
PB Agora
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