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Análise: desigualdade tende a crescer com Covid-19 e loucuras do inquilino do Planalto

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A sistemática desigualdade social e de renda, que por décadas castigou a população, foi uma das maiores chagas brasileiras, a colocar o país na rabeira das nações em desenvolvimento. O fosso só aumentou, dado o descaso de governantes omissos. Mas no decorrer de lentas transformações, a duras penas, eis que as estatísticas começavam a mostrar uma nova e promissora realidade. Menos contrastante, talvez mais justa.

Contudo, eu falei “começavam”, então note que o verbo agora está no Pretérito Imperfeito. Imperfeito mesmo. Correto? Presumo que sim, e ainda estou a achar que nenhum leitor irá falar “mal” até aqui das minhas colocações. Acho que não haverá fortes momentos de tensão; discordâncias e raiva sobre minha escrita, exceto aqueles que abominam o que não é espelho.

Então, seguindo essa lógica que “agrada” gregos, troianos, persas e medos, digo aos fanáticos da extrema-direita e esquerda que o conto de fadas entre a realidade e a utopia estanca exatamente aqui. Neste ponto, embora não seja ele final, é preciso falar a verdade baseada no cientificismo. Quem vive ou viveu de “amor” açucarado? Romeu e Julieta, mesmo assim o final foi trágico.

O fato é que, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2019, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a desigualdade no Brasil está piorando a cada ano. Ainda sem avaliar o impacto das medidas “pouco sociais” do governo Bolsonaro e da pandemia do novo coronavírus, o estudo colocava o país como o 7º mais desigual do mundo, atrás apenas de algumas nações africanas. Talvez agora estejamos noutra fase terminal de pobreza para muitos e riqueza excessiva para poucos.

Agora o pessoal do “mito” vai negar e começar a contestar meu texto. Contudo, dados mapeados pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS) e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, hoje, 70 milhões de brasileiros vivem na pobreza e na extrema pobreza.

Faz-se evidente que esse quadro preocupante, para não dizer catastrófico, começou bem antes do governo Bolsonaro. O crescimento da extrema pobreza passou a ser uma realidade ainda na gestão da ex-presidente Dilma Roussef, cujo processo de recessão econômica foi iniciado em 2014, havendo seu pico em 2016. Agora vem a ira da extrema-esquerda para com os dados, não meus, mas de estudos sérios, que se devem divulgar.

Fatores internos e externos contribuíram para a derrocada, mas o que afetou, de fato, foi a crise política que culminou no processo de Impeachment da ex-presidente petista, que muitos atribuem a um golpe orquestrado pela elite brasileira, estando aí pitadas de teorias da conspiração. E na sua “retirada” do palco de líderes veio o governo de Michel Temer, apontado por muitos como o mentor da queda de Dilma Roussef.

E nas idas e vindas, o Brasil, em colapso nervoso, sendo a classe média achatada e massacrada pela crise econômica; e naqueles que eram pobres, retornado à mendicância, foi eleito nesse cenário caótico o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), batendo o candidato petista Fernando Haddad.

E o que era a esperança de muitos se tornou um pesadelo. A agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, somado a falta de prumo político, diplomático e intelectual do ex-capitão do Exército, cortando incentivos e projetos sociais abriu um fosso, digo uma vala, sepultando literalmente os mais pobres. E a classe média? Essa já não tem mais esse tamanho. É nanica e em fase crônica de inanição, enquanto os mais ricos ficam ainda mais ricos. Óbvio!

Em resumo: o Brasil (aliás) os brasileiros continuam pobres, e no atual governo a situação piorou com os cortes sucessivos em programas sociais. E o lado interessante de tudo isso?

Não há lado interessante e, sim, tragédias sucessivas de um problema cujo nascedouro foi iniciado na gestão de Dilma Rousseff e “agigantado” naquele que ocupa hoje o Palácio do Planalto.

Bolsonaro, ainda no período embrionário do seu governo, se é que ele saiu de tal estágio, chegou a dizer em entrevista malévola a seguinte” lógica”: “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora passar fome, não”.

Foi um choque na época, hoje não mais, pois negar uma pandemia, como a do COVID-19, é uma mistura de sadismo com psicopatia. E observe que há milhões que defendem a volta do AI-5, um retorno impossível das Forças Armadas ao poder e outras coisas esdrúxulas dos chamados bolsonaristas.

Eliabe Castor
PB Agora

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