Em tom de notória indignação com a indiferença dos vários setores do Governo Federal para com o desastre ecológico que se verifica na costa nordestina – o vazamento de petróleo -, o governador da Paraíba, João Azevêdo, sugeriu um “pedido internacional de socorro” para enfrentar os efeitos do acidente.
A sugestão do governador paraibano foi externada direto do escritório da Paraíba, em Brasília, na tarde desta quinta-feira (24), em entrevista ao programa Arapuan Verdade, ancorado por Gutemberg Cardoso, Paulo Neto, Luis Torres e Clilson Júnior.
João Azevêdo estava notoriamente irritado com o grau de despreocupação do Poder Central com o problema que se configura no maior desastre ecológico da história do Nordeste.
A certa altura da entrevista, João Azevêdo afirmou: “O que nos resta, e é triste dizer, é sair de cada reunião com um órgão desse (do Governo Federal) com a sensação de que precisamos apenas sentar, limpar as praias e esperar a morte chegar”. Para ele, “é um absurdo o que o Brasil está vivendo neste momento. Se nós não temos tecnologia nacional para enfrentar este problema, eu disse ao ministro e ao diretor da Agência Nacional de Petróleo, que façamos, então, um pedido de socorro internacional. O que não podemos permitir é que todas as nossas praias sejam atingidas”.
Após avaliar que este seja o maior desastre ambiental pelo menos dos últimos cinquenta anos, o governador da Paraíba observou, com muita preocupação, que o óleo continua chegando às praias “e nós não temos, absolutamente, nenhuma informação precisa, tampouco o Governo Federal, nas audiências que tivemos, nos explicou de onde vem o óleo. Estamos absolutamente às cegas”.
João Azevêdo foi enfático, na conversa com as autoridades do Governo Federal, que não se pode permitir que todas as nossas praias sejam atingidas. A propósito, observou que, na Paraíba, ao longo de todo o seu litoral, temos arrecifes que protegem as praias, e por isso elas são calmas e quentes. Mas que, de repente, se chegarem as manchas de petróleo, como está sendo pré-anunciado, porque já atingiu toda a costa de Pernambuco, imagine o risco de termos todos os nossos corais, piscinas, Areia Vermelha, tudo contaminado. E, de repente, você ouvir tanto do ministro quanto da Agência: “É, mas nós não temos o que fazer.
O que termos que fazer é orientar que se retire o óleo da praia”. E eu disse a eles: “Deus queira que esse óleo chegue na praia. Porque o meu problema, para tirar na praia, é fácil. E se o problema fosse recursos financeiros o problema estaria resolvido, porque nós deixaríamos de fazer uma obra importante para o Estado, e destinaríamos recursos pra lá. Mas não é isso.
O Brasil inteiro talvez não tenha ainda a dimensão do problema ambiental que está sendo causado; o problema econômico; voos estão sendo cancelados, reservas de hotéis canceladas por causa disso, e todo mundo fica discutindo se o óleo vem da Venezuela, ou não. Essa não é a discussão. A discussão é que temos que descobrir a fonte, a origem, para tentar, se ainda estiver sendo lançado no mar esse petróleo, tentar estancar, senão seremos cobrados no futuro pela inoperância do que está acontecendo”.
Wellington Farias
PB Agora