O deputado federal Julian Lemos, que preside o diretório estadual do PSL na Paraíba, vem enfrentando um “inferno astral” criado por ele próprio. Muito antes do vendaval que arrasta a sigla do presidente da República, Jair Bolsonaro, para os braços de Hades, deus grego do submundo, o parlamentar confundiu a política partidária, as relações humanas e o poder que lhe foi conferido nas urnas com um imenso parque de diversão ou desavenças, esquecendo seu papel legítimo no Congresso, que é legislar em benefício da sociedade.
E aqui falo, aliás, escrevo, de forma muito tranqüila. É perceptível que Lemos embarcou na “onda Bolsonaro”, foi eleito e, entendendo de forma equivocada que, sendo ele da “conzinha” do presidente da República, poderia utilizar dessa amizade, hoje já bem desgastada, como aliada a ações intempestivas e, de certa forma, pessoais.
E é muito fácil observar as minhas alegações. Como presidente da legenda na Paraíba, o caminho óbvio de Juliam Lemos seria fortalecer o partido. E ele se esforçou, mas, embevecido pelo poço da vaidade, tendo como Narciso sua inspiração divina, minou a agremiação. Pior: deixou mais fraca, quando buscou “exorcizar” os supostos espíritos malignos que só ele via nos corpos dos deputados estaduais Cabo Gilberto e Moacir Rodrigues, ambos do PSL.
Resultado: os dois buscam maneiras legais para deixar a sigla por entender que Julian Lemos, longe de ser um general ou pelo menos medíocre diplomata, prefere o embate, frases de efeito, um bom gel para pentear a vasta cabeleira e expressões idiomáticas agressivas e de baixo calão. Pode ser ele original? Claro que sim! Não é isso que observo e critico. Mas às vezes, sobretudo quando se é um líder político, faz-se necessária certa polidez. Mais cérebro, menos fígado.
É fato: a Paraíba conta com os trabalhos de Julian Lemos no Congresso, afinal ele compõe a nossa bancada federal. Mas sua vitória de Pirro no embate com seus colegas de Assembleia Legislativa foi obtida a alto preço, causando prejuízos irreparáveis para a legenda que está à frente.
E Lemos começa a entender que o jogo político não pode ser posto à mesa de forma unilateral. Como o filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre mostrou em um dos seus ensaios, “estamos condenados a ser livres”. E é essa liberdade que nos dá a capacidade de tomarmos ações assertivas ou não, lembrando que a mesma liberdade goza o próximo, daí a necessidade incondicional do diálogo.
E na esfera federal, no jogo de tabuleiro em Brasília, como Julian Lemos está conduzindo seu mandato? Eu indago e respondo: da mesma forma que vem dirigindo o PSL na Paraíba. Sua beligerância é notável, chegando ao ponto dele mesmo informar que muitos dos seus colegas de Congresso, e mais especificamente, da sua sigla partidária, são “canalhas”.
Lemos iniciou uma luta corporal desnecessária com os filhos do presidente, o que mina a força do seu mandato, óbvio, e já não transita com a desenvoltura necessária nas alas do tumultuado PSL. Bivaristas, olavistas, militares, bolsonaristas observam com microscópio atômico seus passos, o que lhe confere incômodo e engessa sua atuação parlamentar.
E mesmo que ainda se debata, pondo no seu repertório extenso frases pouco diplomáticas, como “Ir para as vias de fato” ou “Pagará caro por isso, nem que isso custe minha vida”, Lemos entende que, para sobreviver no “mundo cão de Brasília”, e cumprir sua função enquanto parlamentar, deverá baixar o tom e agir com sabedoria.
Em entrevista recente concedida a Albeni Galdino, na TV Master, Lemos chegou a afirmar: “Eu gosto muito de Jair, mas estou começando a ficar triste com ele”. E sua lealdade é incontestável. O problema não reside nos sentimentos de gratidão e apreço e, sim, no que o cargo eletivo cobra de cada um. Paciência, articulação política e o mais importante: observar que foi eleito pelo povo, cujo poder emana da coletividade, pelo menos numa democracia.
Eleições antecipadas em Cabedelo
O clima de eleições em Cabedelo já foi iniciado e se intensificou na noite do último sábado, quando o governador João Azevêdo (PSB) inaugurou a reforma e ampliação do Teatro Santa Catarina na cidade portuária.
No evento, o prefeito Vitor Hugo (DEM) sentiu o incômodo do radialista e empresário Sales Dantas, que entregou recentemente a direção do PSB de Cabedelo, e hoje está centrado na sua pré-candidatura.
Ao lado do deputado estadual Felipe Leitão (DEM), Sales Dantas recebeu a atenção do governador João Azevêdo. Fontes deste colunista presentes no evento afirmaram que entre um sorriso e outro do chefe do Executivo paraibano, a pauta eleições entrou na conversa.
O páreo vai ser duro para Vitor Hugo. Não há dúvidas nisso.
Eliabe Castor
PB Agora