Artistas elogiam edição 2024 do Maior São João do Mundo e defendem herança cultural de Luiz Gonzaga

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Tradição, forró e defesa da música nordestina. A edição 2024 do Maior São João do Mundo entra na reta final. Praticamente todos os artistas tradicionais, conhecidos como “estrelas da música nordestina”, que passaram pelo Parque do Povo ao longo do mês de junho, elogiaram a festa e defenderam a “bandeira do forró”. No palco, eles cantaram forró e destacaram a importância da preservação dos valores culturais da região, especialmente, a herança deixada por Luiz Gonzaga. O PB Agora acompanhou algumas das inúmeras entrevistas concedidas pelos artistas ao longo do mês de junho.

A defesa do autêntico forró pé de serra, ao som da sanfona, do triângulo e do zabumba, e como genuína expressão cultural nordestina, não eliminou o uso de instrumentos modernos. Prova disso foi que o cantor Alceu Valença enfatizou a importância de instrumentos de metais em seu show.

Uma das atrações da festa este ano, o pernambucano Alceu Valença defendeu pluralidade de gêneros musicais e reafirmou a independência artística. O show do cantor pernambucano foi marcado por muito frevo e forró, e ainda teve espaço para a valorização da cultura nordestina.


Irreverente, Alceu destacou a variedade existente na cultura junina, mas garantiu que não abre mão de suas origens.

“Então, eu primo em fazer uma coisa, mesmo porque eu vivenciei isso. Meus parentes tocavam no sanfona nas festas juninas, eu via todo o universo da cultura junina e sertaneja, eu vi, vivenciei. Tem gente que não sabe, o problema é dela, não é meu. O meu eu continuo e continuarei fazendo o que eu quero, do jeito que eu quero. Quem quiser, queira “, disparou.

Outro artista que destacou a relevância da festa, e defendeu a música nordestina, foi Geraldo Azevedo. Como autêntico defensor das tradições regionais, o pernambucano falou sobre a felicidade de voltar ao palco principal do Parque do Povo e cantar grandes clássicos conhecidos em sua voz.

“Me sinto tão honrado, tão orgulhoso de fazer parte de uma festa dessa. Toda vez que venho cantar em Campina Grande me sinto abençoado e celebrado, porque essa cidade tem uma tradição muito importante. Fico numa expectativa muito grande”, relatou.

Geraldo também opinou sobre as mudanças na programação de grandes festas de São João, como a de Campina Grande, com a inclusão de artistas de outros gêneros. Para Geraldo, a festa “se perdeu um pouco”, e por isso, ele mesmo tenta ser “aquele cara que gosta de fazer música com melodia bonita, ritmo brasileiro e poesia”.

Presença marcante no Maior São João do Mundo, Flávio José também elogiou a edição 2024 da festa e as mudanças que a tornaram ainda mais representativa. Batizado de “rei do xote” Flávio José ressaltou a importância cultural do São João de Campina Grande, destacando como o evento é crucial para a preservação e celebração das tradições nordestinas.

O “caboclo sonhador” enfatizou que o festival não apenas fortalece a identidade cultural da região, mas também serve como uma plataforma de esperança e inspiração para novos talentos do forró, oferecendo a esses artistas emergentes a oportunidade de se apresentarem em um dos palcos mais icônicos do Brasil.

“Olha, isso é muito importante para nossa cultura, para nossa festa, e é uma esperança para aqueles artistas que estão começando e sonhando com a possibilidade de um dia estar aqui no palco do Parque do Povo”, afirmou.


O cantor Xand Avião foi outro artista que fez elogios a 41ª edição d’O Maior São João do Mundo. Este ano Xand resolveu retomar o uso de metais em sua banda e revelou, ainda, sua decisão de dedicar seu repertório exclusivamente ao forró durante o São João deste ano, marcando um retorno às raízes do gênero, em apresentação no São João 2024 de Campina Grande.

A exemplo de outros artistas, Xand Avião expressou sua intenção de realizar 30 dias de shows focados apenas em músicas de forró, deixando de lado os hits que frequentemente viralizam na internet.

“Eu quis fazer um São João só com músicas de forró. Nada contra músicas que viralizam, nada contra, porque eu também faço isso. Mas eu quis fazer 30 dias só cantando o que eu gosto, só tocando forró. Fazia tempo que não via o pessoal agarrado dançando forró. Antes de ontem [30 de maio], eu fiz um show e o pessoal estava dançando agarrado, então acho que o defeito estava em mim”, explicou o cantor cearense.

Apesar de ser um veterano no São João de Campina Grande, Xand revelou que cada vez que sobe ao palco do Parque do Povo a energia é única. Para este ano, ele preparou um espetáculo novo.

“Campina Grande representa música, forró, alegria. Quem quer ver forró de verdade, tem que vir pra cá. Já vim nesse São João várias vezes, mas cada vez que subo [no palco do Parque do Povo] é uma energia diferente. Esse ano tô trazendo o meu show novo. Tô um pouco nervoso, mas tá todo mundo esperando o show”, finalizou Xand.

Presença marcante na festa, especialmente na noite do dia 23 de junho, véspera de São João, a cantora paraibana Elba Ramalho disse que era sempre uma responsabilidade cantar na festa junina de Campina Grande,
A paraibana filha de Conceição de Piancó, mas que passou toda a sua infância na Rainha da Borborema, Elba também falou com entusiasmo e gratidão de voltar a cantar no São João da cidade.

“É uma responsabilidade e, como toda responsabilidade, a gente cumpre a agenda, se dedica e se entrega. Mas eu faço brincando e me divertindo. É a festa de São João e eu faço com todo o meu amor, é tudo que a gente reúne, todos os shows em todo o Brasil. Mas quando a gente chega em Campina Grande, a sensação, o frenesi é diferente. Aqui, estou na minha terra, meu primeiro palco aos 14 anos foi aqui, onde a cidade se expressa com mais força nesse período”, comentou.


Como estrela da música nordestina, Elba evitou polemizar sobre gêneros musicais que tem tomado conta das festas juninas. No entanto, como defensora do autêntico forró pé de serra, herança de Luiz Gonzaga, defendeu a predominância do forró ao som da sanfona, do triângulo e do zabumba.

Nos diversos shows que realizou este ano, Elba Ramalho criticou a ausência do forró na maioria das festas juninas do Nordeste do País.

“É polêmico, então eu vou pular essa pergunta, porque eu defendo muito. Eu acho que junho é nosso, São João é forró, é forró é tudo para junho. Cada vez que eu falo toma uma dimensão diferenciada. Eu vou repetir uma coisa que eu sempre digo: ‘não há atropelamento de estrelas, o céu é enorme’. O povo é quem escolhe, é música. Eu não organizo festa, se eu fosse fomentador cultural eu tinha o meu jeitinho”, disparou Elba.

Como defensora das tradições nordestinas, Elba Ramalho garantiu que, se fosse organizadora dos eventos juninos, montaria sua grade de programação valorizando os artistas de forró e daria oportunidade para os artistas de forró que atuam em outras partes do Brasil.

“Trazia um pouco do forró hiper nordestino brasileiro que se faz no Sudeste. Estou falando de muitos artistas que estão lá, que representam fortemente o gênero, mas eles não vêm pra cá, morrem de vontade de vir. Eu gostaria muito de vê-los por aqui, por uma questão pessoal, de afeto, e de respeito por eles terem essa paixão tão grande pela nossa cultura”, declarou a artista.

Ícone do forró e defensor fervoroso das tradições nordestinas, o cantor e compositor Alcymar Monteiro disse que era sempre uma alegria reencontrar o seu público no São João de Campina. E elogiou a estrutura da festa.
Com mais de 40 anos de carreira, Alcymar voltou a defender o forró como o maior legado do povo nordestino e uma expressão viva da cultura da região. A identificação da região. Ele enfatizou que o trabalho que vem realizando nos últimos 40 anos, está tão identificado com o Nordeste que virou uma enciclopédia da nação nordestina brasileira.

A 41ª edição d’O Maior São João do Mundo acontece dentro das comemorações dos 160 anos de emancipação política de Campina Grande. Este ano a festa dura 33 dias e deve atrair mais de 3 milhões de pessoas.

Severino Lopes
PB Agora

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