Falta de estrutura em campo, ausência de médico, improvisação e atendimento sem as condições mínimas necessárias. Foi com este toque de amadorismo que começou o Campeonato Paraibano de Futebol Feminino, com a partida entre Botafogo-PB e Flamengo-PB acontecendo no Estádio Wilsão. A partida ainda estava no primeiro tempo quando a zagueira rubro-negra Marcela sofreu uma pancada no rosto, perto dos olhos. Era o início de uma agonia e de uma série de atos que colocaram cada vez mais a atleta em risco.
Marcela ficou caída no chão. Foi atendida em campo pelo massagista do time e levada para o banco de reservas tonta e sem enxergar pelo olho esquerdo. Os dirigentes do Fla tentaram conseguir atendimento para a jogadora. Em vão. Ela acabaria levada às pressas para um hospital próximo no carro de um dos diretores do clube, enquanto colegas de time improvisavam a colocação de gelo no rosto usando uma garrafa de refrigerante.
A solução, contudo, não foi tão rápida. Após a zagueira ser retirada do campo de jogo, ela ainda ficou esperando atendimento no banco de reservas. Segundo a diretoria do Flamengo, o Samu foi acionado, mas depois de uma série de perguntas a atendente do Serviço não autorizou o enviou da unidade móvel.
A jogadora, então, ficou esperando o intervalo do jogo para ser carregada através do campo de jogo até o carro particular de um dos diretores do Flamengo. Só depois disto ela foi levada a um hospital.
Marcela foi atendida no Hospital de Ortotrauma de Mangabeira, o Trauminha. Ao chegar, foi constatado que a jogadora teve um pequeno deslocamento no maxilar e, nesta segunda-feira, vai passar por uma cirurgia para recolocá-lo no lugar.
O drama passado por Marcela à beira de campo deixou os torcedores que assistiam à partida indignados. O Campeonato Paraibano é uma competição oficial e organizada pela Federação Paraibana de Futebol (FPF). Então por que a partida foi realizada sem uma ambulância na beira do campo?
A resposta da FPF é que, mesmo sendo oficial e organizada pela entidade, a competição é considerada amadora. Por isso, não teria que necessariamente cumprir o inciso quarto do artigo 16 do Estatuto do Torcedor, que fala que é dever da Federação “disponibilizar uma ambulância para cada dez mil torcedores presentes à partida”.
Apesar do que diz o Estatuto sobre a obrigação da entidade de pagar ambulância, o presidente da FPF, Amadeu Rodrigues, afirmou que comumente esta despesa é paga pelos clubes, transferindo assim a responsabilidade pelos gastos:
– O Estatuto do Torcedor fala sobre a obrigação de ambulância para jogos profissionais, inclusive, a partida só começa quando tem uma equipe médica. Mas isso gera uma questão financeira, que é paga pelo clube. Mas a FPF vai acompanhar e dar toda a assistência para a atleta – prometeu Amadeu Rodrigues.
Redação com globoesportes.com
Foto: Larissa Keren / GloboEsporte.com/pb)