Alimentos nos estoques só garantem refeições até domingo. Secretário teme ocorrência de rebeliões no Estado
“Uma situação incontrolável que pode gerar o maior problema no sistema penitenciário da Paraíba nos últimos 20 anos”. Foi assim que o secretário da Administração Penitenciária da Paraíba, Carlos Alberto Pinto Mangueira, classificou a falta de pagamentos para as empresas que fornecem gêneros alimentícios para as unidades prisionais do estado. O débito, que vem se acumulando há quatro meses, já ultrapassa a quantia de R$ 5 milhões e ainda não tem previsão de ser quitado. O chefe da pasta teme que rebeliões comecem a ser iniciadas já a partir da semana que vem.
O secretário Carlos Mangueira confessou está preocupado com o quadro. “Estamos nesta situação difícil, infelizmente. Esta realidade já foi alertada várias vezes à Secretaria de Finanças, que sequer nos justifica por que estes pagamentos não estão sendo realizados. O atraso vem acontecendo há mais de quatro meses e, sinceramente, estamos de mãos amarradas e não podemos fazer muita coisa” comentou. Ainda segundo Mangueira, a dívida total da secretaria com os fornecedores, juntando as empresas que entregam alimentos, materiais de limpeza e outros produtos de expediente, como papel, colchões, lençóis e travesseiros, já ultrapassa os R$ 10 milhões.
Atualmente, existem 62 cadeias públicas e 19 presídios na Paraíba. A população carcerária ultrapassa o total de 8.500 detentos que, já a partir do próximo domingo, poderão passar fome. “Tememos que uma série de rebeliões comecem a acontecer de forma generalizada, em todas as regiões do estado. Isso não é difícil de acontecer, afinal, já temos graves problemas de estrutura e superlotação. Imagine se além de preso o cidadão ainda tem que passar fome, sem dúvida alguma, essa bomba pode estourar a qualquer momento”, frisou Carlos Mangueira.
O secretário declarou que ainda hoje estará encaminhando ofícios circulares para as secretarias de Finanças e Administração e também para a Casa Civil do Governador, reiterando a preocupação com a situação. Se os pagamentos não forem efetuados até o início da próxima semana, Mangueira também confirmou que deve acionar o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Justiça da Paraíba. “Se tivermos um quadro de descontrole, alguém deverá responder pela situação. Sozinho, não posso fazer muita coisa” completou.
Jornal O Norte