A luta política em que iradentes estava inserido era pela Independência do Brasil em relação à Coroa Portuguesa. Liberdade e igualdade, eram os ideais pregados por esses revolucionários, os mesmos princípios também fomentaram a Revolução Francesa, em 1789.
Militar da cavalaria de Dragões Reais de Minas, ocupando o posto de alferes (patente abaixo da de tenente), mesmo servindo aos portugueses, Tiradentes participou ativamente de movimentos que iam contra as ideias do Brasil Colônia, dentre eles o mais famoso: a Inconfidência Mineira, movimento que ocorreu entre 1788 e 1789.
A cobrança de impostos sobre a produção de ouro e dos rendimentos pessoais que cada cidadão recebia foi o estopim para pôr em prática os planos de insurgência contra o governo de Minas, representado pelo Visconde de Barbacena. Apesar da organização bem elaborada, os inconfidentes acabaram por ser delatados por Silvério dos Reis, um devedor de tributos que, com a denúncia, acreditava poder sanar suas dívidas com a Coroa.
Com todos os inconfidentes presos, incluindo Tiradentes, que foi capturado no Rio de Janeiro, o julgamento e as sentenças só terminaram em 1792, no dia 18 de abril. Os principais líderes foram expulsos do Brasil.
Tiradentes foi enforcado no dia 21 de abril ao som de discursos que louvavam a rainha de Portugal. Teve o corpo esquartejado e cabeça exibida na praça principal da cidade de Ouro Preto. Antes de morrer, Jooaquim da Silva Xavier disse: “Jurei morrer pela independência do Brasil, cumpro a minha palavra! Tenho fé em Deus e peço a Ele que separe o Brasil de Portugal”.
Só em 1965, tendo marechal Castelo Branco como presidente da República e na primeira fase do regime militar, que a imagem e história de Tiradentes foi reconhecida, como forma de elevar a representação da República e amor a pátria. Assim, a Lei Nº 4. 897, de 9 de dezembro, que instituiu o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes como, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira.
Falante, namorador e defensor do conhecimento
Segundo o professor do departamento de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luiz Villalta, que pesquisa o tema há quase quatro décadas, o patrono da Inconfidência Mineira foi um homem, com paixões, defeitos e qualidades.
Segundo Villalta, Tiradentes se envolveu na trama pelo mesmo motivo da maioria de seus companheiros: insatisfação pessoal com a Coroa. Com o passar do tempo, já dentro do movimento, Joaquim adquiriu consciência política e compreendeu que a luta em que estava envolvia causas nobres, como a instalação da República e o fim da cruel dominação portuguesa.
Ainda segundo o professor, entre os legados deixados pela Inconfidência Mineira estão “as falhas permanentes de nosso poder judiciário, desde aquela época notabilizado por produzir injustiças”.
Villalta destaca que apesar de ter sido um movimento que pregava a liberdade, os inconfidentes não tocaram na questão da escravidão. pois não tinham a menor sensibilidade social.
O apreço pela leitura e pelo conhecimento técnico também tem destaque na personalidade de Tiradentes. Lendo obras estrangeiras e nacionais, montava suas próprias estratégias de intervenção. Ele circulava bem por diferentes grupos sociais e tinha uma alma inquieta.
Na vida afetiva, teve um relacionamento com Antônia do Espírito Santo, 25 anos mais nova do que ele. Os dois moraram juntos, mas não chegaram a se casar. Há registros de que o casal teria tido uma filha. Mas é provável que tenha deixado outros descendentes.
De acordo com estudos do professor da UGMG, Tiradentes viajava demai, era obcecado pela conspiração e ao que tudo indica foi traído pela amante.