Em setembro de 1922, os brasileiros comemoravam o Centenário da Independência e davam ênfase ao lema da bandeira nacional, que destacava as palavras Ordem e Progresso. Um ano depois, num assombro de exaltada moralidade e arcaísmo, o então diretor da Escola Normal da Cidade de Parahyba, Monsenhor João Batista Milanez, ordenou que entre o Largo do Passeio Comendador Felizardo Leite (atual Praça João Pessoa) e o educandário feminino que dirigia fosse estabelecida a “Linha da Decência”.
O objetivo era evitar que rapazes do Lyceu Parahybano e as normalistas se encontrassem no local, nem que fosse para conversar. O caso Sady e Ágaba, que repercutiu internacionalmente, surgiu no cumprimento desta ordem esquisita, gerando tragédia e morte, testemunhadas ao vivo por centenas de paraibanos revoltados.
A ordem do Monsenhor Milanez ainda estava em vigor quando, na tarde de 22 de setembro de 1923, o estudante Sady Castor Correia, 26 anos, conversava, na “Linha da Decência”, com a sua namorada Ágaba Gonçalves de Medeiros, de 16. O policial civil Antonio Carlos de Menezes, conhecido como “Guarda 33”, abordou o casal e mandou-os embora.
Sady resistiu e o guarda tentou levá-lo à força para a Chefatura de Polícia. Outros estudantes tentaram impedir a prisão de Sady, mas o guarda sacou da arma e atirou no peito do rapaz. Foi um tiro fulminante. Horas depois a vítima morria na casa do juiz de Direito Francisco Gouveia da Nóbrega. Após ser assistido pelos médicos Newton Lacerda e Adhemar Londres, ele recebeu a extrema unção do padre José Coutinho.
Redação