A folha virtual estava em branco. Fiquei alguns minutos observando o nada, descobrindo, aos poucos, que algo claro vinha a expandir minha physis, a minha própria natureza. E nesse baile perfumado lembrei-me do conceito da filosofia grega, que vem dizer algo belo, cuja vida se encontra em movimento e transformação. “É aquela a que nasce e se desenvolve; o fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo retorna”.
E no tilintar do relógio da vida, seguindo o conceito grego já exposto, veio-me a lembrança do meu pai. Sim, ele mesmo! Leverrier, ser humano augusto por essência. E nessa constatação helênica, percebi que, embora a data comemorativa de hoje esteja a saudar meu ascendente paterno, trata-se ela, na verdade, do mais puro simbolismo, uma vez que todos os dias posso encontrar meu pai.
É verdade! Posso encontrá-lo, mesmo entendendo que ele já partiu deste plano, pois reside em mim seus ensinamentos, suas lembranças, seu próprio código genético. E quando compreendo essa realidade, percebo que não sou órfão, pois com o findar de mais um dia, outro surge de forma vigorosa; e assim é a vida, a natureza, a physis. A ida do meu pai possibilita seu retorno diário. Um retorno tranquilo, recheado com belas formas.
E você, que já conviveu com seu pai, mas que agora busca o mesmo nas lembranças, tem a chance de sentir a saudade e o exato alento que hoje sinto. Não, não sou órfão. Sou a continuação da minha ancestralidade. E nela reside meu pai, como o seu. Alfa e ômega, princípio e fim. E viva a vida! Viva nossos pais, estejam eles presentes ou não na materialidade de Gaia. Da Mãe-Terra.
Por fim, gratidão Pai, pelo meu pai. Gratidão aos pais que já partiram, mas que sempre estarão na vida dos filhos.
Eliabe Castor
PB Agora