Sangue, nervo e coração. O hino do clube pode traduzir o que a torcida espera dos jogadores dentro de campo. O Campinense faz a sua 11 ª participação na Copa do Brasil. A melhor campanha rubro-negra aconteceu em 2013, quando alcançou a segunda fase após eliminar o Sampaio Corrêa/MA e pegou o Flamengo no ano em que foi campeão do Nordeste. Desta vez a Raposa pega o Atlético Mineiro na competição nacional. A peleja está marcada para esta quarta-feira (13) no estádio Governador Ernani Sátyro, o Amigão, em Campina Grande. Os dois times vivem realidades diferentes. O Galo mineiro disputa a série A do Brasileiro, enquanto a Raposa, disputa a Série D.
O choque de realidades pode ser traduzido nas cifras que os dois clubes podem receber pela participação na Copa do Brasil. Por participar da primeira fase e estar no Grupo 1, o Galo receberá R$1,1 milhão. O Campinense, receberá R$540 mil por esta etapa da competição. Apesar das discrepâncias de realidade técnica e de orçamento das duas equipes, um deslize pode valer muito O jogo entre a Raposa e o Galo vale a continuidade em uma competição milionária. Passar para a segunda fase representa mais R$1,3 milhão e render ao campeão R$ 72,8 milhões em valores acumulados.
A diferença financeira entre os dois clubes é enorme. A folha salarial do Campinense é inferior ao salário de um jogador reserva do Galo, sendo estimada em R$ 100 mil por mês. O Atlético tem uma folha milionária, considerada a 8ª mais cara do Brasil, no ano passado, extrapolando os R$ 4,1 milhões. Para este ano, Atlético-MG tenta enxugou os vencimentos. Mesmo assim, os valores continuam elevados.
O Atlético iniciou a temporada reformulando o elenco e reduzindo consideravelmente a folha salarial para 2020. O alvinegro mineiro contratou novos jogadores menos conhecidos e negociou nomes mais ‘badalados’ e caros para os cofres do clube.
O Galo não renovou, emprestou ou vendeu, com oito jogadores que estavam no elenco na temporada passada. Elias, Geuvânio, Chará, Luan, Carlos César, Leonardo Silva, Vinícius e Alerrandro deixaram a equipe e representam uma redução de R$ 1.421 milhões somente nos gastos mensais na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). O montante com impostos e direitos de imagem pagos aos atletas mencionados era ainda maior e ultrapassava os R$ 2.4 milhões por mês.
Atlético e Campinense já se enfrentaram ao longo da história por três vezes. O Galo venceu um confronto e empatou os outros dois duelos. O último encontro ocorreu no Mineirão em 21 de janeiro de 1981 e não houve gols. O estádio do confronto da Copa do Brasil, o Amigão, viu a única vitória do embate. O Galo venceu por 3 x 0 o duelo disputado no dia 03 de maio de 1978
Para o confronto com o Campinense, o clube terá como desfalques Bruno Silva, Cazares, Gustavo Blanco e Maicon Bolt, todos no departamento médico. O lateral Guga estava na Seleção olímpica que se classificou para a Olimpíadas no domingo e também deve ficar fora.
O Atlético vive maratona de jogos fora de casa. O confronto com o Campinense será o terceiro seguido do time como visitante. Antes do triunfo em Patos de Minas, nesse domingo, o Galo estava em Santa Fé, na Argentina, onde perdeu por 3 a 0 para o Unión e se complicou na Copa Sul-Americana. A soma das distâncias terrestres das viagens de ida e volta para os três compromissos é 11.502 quilômetros.
O Campinense, que disputará ainda a Série D no segundo semestre, lidera o Grupo B do Campeonato Paraibano com seis pontos, mesmo tendo sofrido uma derrota para o Atlético de Cajazeiras no último domingo. Das três partidas que disputou na competição estadual, a Raposa venceu duas contra o Sport Lagoa Seca e Perilima, e perdeu uma.
Vinte e uma vezes campeão paraibano, o Campinense reformulou totalmente o seu elenco para a temporada 2020. Um dos destaques é o atacante Fábio Júnior. O jogador começou sua carreira no Campinense. Com 37 anos, o atacante passou por Flamengo, Vasco, treinou no Real Madrid, Lorca (ESP) e depois quase desistiu de atuar ao ir para o futebol egípcio, quando presenciou uma tragédia em 2012.
Fazem parte ainda do elenco do rubro-negro o goleiro Pantera, o volante Robertinho e os atacantes Romário, Rafael Ibiapino e Zé Paulo, este último campeão do Nordeste em 2013 pela Raposa sob o comando do atual treinador Oliveira Canindé.
O Campinense vai com força máxima para a partida desta quarta-feira. Oliveira Canindé deve mandar a campo um time composto por Adilson Júnior, Allefe, Vitão, Uesles e Matheus Camargo; Peu, Robertinho, Matheus Silva e Vinícius Vargas; Romário Becker e Rafael Ibiapino.
Na raça e na força, e empurrado por sua torcida, o Campinense sonha em fazer história e avançar outra vez na competição nacional. Para isso, precisa vencer o duelo, visto que até mesmo o empate favorece o clube mineiro. Isso porque o regulamento estabelece que a primeira fase será disputada em partida única, com a equipe que está pior no ranking jogando em casa e a melhor tem a vantagem do empate. Logo, não há decisão nos pênaltis nessa fase.
Severino Lopes
PB Agora