Em quase quarenta e três anos de atuação na comunicação, nunca uma autoridade havia feito acusações tão graves contra a imprensa da Paraíba, como agora fez o deputado de primeiro mandato Wallber Virgolino. Pelo menos que eu me lembre, não.
Virgolino partiu para cima da Imprensa com um quente e dois fervendo, como dizemos lá em nosso interior, embora não tenha ficado claro a propósito do que ele tomou tal atitude…
O deputado gravou até um vídeo que circulou pelas mídias sociais (a coluna guarda em seus arquivos), batendo pesado na imprensa.Sem arrodeios, se referiu até a comunicadores que extorquem políticos para que estes digam o que eles querem. É grave, gravíssimo! E nenhum de nós que não adota esta prática pode ser colocado na mesma vala. Eu, como centenas de companheiros, não aceitamos carregar essa pecha sem termos o mínimo de culpa. Se alguém o faz, de fato, que seja apontado e as providências sejam tomadas.
Repito: as denúncias são realmente muito graves e têm que ser apuradas; tudo tem que ser passado a limpo porque, do contrário, cada um de nós (pelo menos aqueles que fazem a cobertura política, sobretudo no âmbito da Assembleia Legislativa) ficará sob suspeita.
Da parte do deputado Wallber Virgolino, o mínimo que há de se esperar é que ele tenha alguma prova ou algum indício forte de tudo o que disse. Do contrário, ficará desmoralizado e com a pecha de um parlamentar irresponsável, do tipo que acha que com denuncismo barato irá intimidar a imprensa. Não estou dizendo que o parlamentar está mentindo, mas apenas alertando que, para fazer tão graves denúncias, no mínimo ele tem que apresentar alguma prova ou indício forte. Se ele tem algo capaz de comprovar suas afirmações que, o quanto antes, revele para que se possa separar o joio do trigo. Não podemos todos nós jornalistas ficarmos sob esta suspeita perante a sociedade. Sobretudo nós que gostamos metera ripa em tudo o que achamos que está errado…
Eu, particularmente, não sou contra a que tudo seja rigorosamente apurado. Muito pelo contrário, sou a favor que toda essa história (ou estória) seja passada a limpo, para que não recaia sobre toda a imprensa (ou mesmo apenas parte dela) a culpa que não lhe cabe.
Wallber Virgolino também se referiu a “baluartes da imprensa que recebem dinheiro da Assembleia e, sequer, põe os pés” lá. Ficou a deixa para a Mesa-Diretora do Poder Legislativo, que terá que apurar mais esta acusação.
E não ficou por aí, o nobre deputado. Disse que irá “encaminhar à Presidência da Casa um pedido de colocação de ponto eletrônico não só para os servidores, não só para os deputados, mas também para o pessoal da imprensa: se recebem, tem que trabalhar;
E o que é pior ainda: anunciou também que fará“expediente ao Ministério Público, para que seja apurada a atuação dessas pessoas, inclusive com suspeitas de extorquir políticos para que estes digam o que eles querem escutar, políticos corruptos; não iremos admitir, e iremos solicitar que seja feito um confronto entre o que eles recebem com o patrimônio que eles detêm. Não iremos nos calar, nem nos intimidar”.
A certa altura, o deputado destacou que há uma grande gama de profissionais de imprensa honestos sérios, que fazem uma imprensa de efetivamentepresta informações. Mas aí, da forma como está dita, todos ficam sob suspeitas, pelo menos até que sejam apontados quem são os tais inescrupulosos a que ele se refere.
Nota do Sindicato
O Sindicato dos Jornalistas da Paraíba emitiu nota a propósito das acusações do parlamentar, nos seguintestermos:
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO ESTADO DA PARAÍBA
NOTA
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba repudia as declarações do deputado estadual Wallber Virgolino por atacar os profissionais de imprensa em um momento em que a liberdade de expressão passa por situação de inegável afronta.
Entendemos que as críticas e acusações do deputado a parte da imprensa da Paraíba são geradas pelo desconforto do parlamentar com a crítica, salutar e essencial, em um estado democrático de direito.
Ressaltamos a integridade de nossa categoria, apesar de entender que alguns, como em todos os segmentos, destoam da correção da maioria, mas repudiamos toda e qualquer generalização.
A Paraíba tem grandes e valorosos profissionais de imprensa que honram a classe, seja com sua militância nas empresas particulares, como no cotidiano dos órgãos públicos.
Cabe ao Sindicato a luta por nossos direitos e dentre eles está a necessidade de respeito às prerrogativas de nosso exercício profissional livre e sem risco de censura.
A DIRETORIA
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