Roberto Cavalcanti critica matéria sobre suposta inquietação do capital estrangeiro com eleição de Dilma Russeff.
O acirramento político não pode colocar em risco a estabilidade econômica, defendeu nesta terça-feira 5, no plenário do Senado Federal, o senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB). O parlamentar vê uso de “premissas falsas” e orienta a “baixar o calor da campanha”, sob o risco de inviabilizar alianças e a governabilidade do País.
Para Cavalcanti, matéria publicada na edição desta semana da Revista Veja, que aponta suposta inquietação do capital internacional com relação a possibilidade de eleição da candidata do PT, Dilma Rousseff, é uma estratégia política anti-nacional.
“Trata-se de uma mentira, pois sabemos que o Brasil vive um momento extraordinário como um dos destinos preferenciais dos investimentos estrangeiros e de consolidação do mercado interno”, disse o senador, ilustrando com declarações do presidente da Mitsubishi Motors Corporation, Osamu Masuko, que prevê o País como quarto consumidor mundial de automóveis já a partir do próximo ano.
O senador citou ainda medida do Banco Central, que ontem dobrou de 2% para 4% o IOF para estrangeiros que aplicam em renda fixa, visando conter a apreciação do real, em decorrência do grande aporte de dólares que entram no Brasil.
Mário Amato
Para o parlamentar, está se reeditando nesta campanha episódio protagonizado em 1989 pelo então presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP/CIESP Mário Amato, de que a eleição de Lula provocaria debandada geral dos empresários e de capitais do País.
“O que ocorreu foi justo o contrário: Lula foi eleito, o País prosperou, reencontrou-se com a sua vocação para o desenvolvimento e hoje posso afirmar, sem sombra de dúvida, que a história só se repete como farsa”, acredita Cavalcanti.
Ele reforçou que foi justamente a liderança do presidente Lula e o seu diálogo permanente com o Congresso Nacional e a costura de alianças bem sucedidas que permitiu a implementação de uma política macroeconômica sustentável.
“Mesmo em momentos de crises, seu mérito principal foi reverter a estagnação econômica que durante séculos penalizou o Brasil”, acrescentou.
O que quer o eleitor
Citando pesquisa realizada pelo DataSenado, Cavalcanti disse que 55% dos eleitores entrevistados revelaram que desejam debates de alto nível com apresentação de propostas bem fundamentadas para o futuro do País.
“Não se quer acirramentos nem ataques pessoais entre os candidatos”, declarou o senador, rejeitando especialmente aqueles que, segundo ele, “esgarça o tecido social e econômico”.
“Se querem brigar, briguem, mas não danifiquem o Brasil, pois todo cidadão brasileiro é ‘acionista’ da nação”, finalizou.
Marco Maciel
Ao final do discurso, Roberto Cavalcanti elogiou a trajetória política do colega Marco Maciel (DEM-PE), cujo mandato se encerra no início de 2011.
“Senador Marco Maciel, todo o Brasil sabe de sua seriedade, sua lealdade com a democracia, sua integridade moral, sua posição familiar e religiosa. Eu o considero um exemplo de cidadão e de parlamentar”, disse Cavalcanti.
O parlamentar lamentou que Marco Maciel não retorne ao Senado, o que atribuiu ao momento político vivido pelo seu estado.
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