Essa semana uma equipe multidisciplinar de pesquisadores realizou uma expedição na Baía da Traição, localizada no litoral da Paraíba, um dos pontos críticos do estado afetados pelo avanço do mar e erosão costeira. A ação faz parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) Preamar, coordenado pelo Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de desenvolver soluções sustentáveis para os desafios ambientais da região.
A Baía da Traição enfrenta uma situação de calamidade pública devido à erosão acelerada e ao impacto do avanço do mar, tornando urgente a implementação de respostas emergenciais. A expedição teve como propósito iniciar o processo de diagnóstico, realizando a coleta de dados técnicos e sociais, que servirão de base para futuras intervenções. Essas ações serão planejadas pelo Painel Científico do TAC, que inclui professores, órgãos ambientais e gestores municipais.
As atividades da expedição foram divididas em dois dias: na segunda-feira, 9, os pesquisadores realizaram uma discussão teórica sobre o contexto da região. No dia seguinte, foi realizada a visita técnica, aproveitando a maré baixa para análises terrestres e marítimas. A equipe coletou dados visuais, registros fotográficos, informações históricas complementadas por imagens de satélite, e também conversou com pescadores e moradores locais para entender a dimensão social do problema.
A expedição contou com a participação de cerca de 16 profissionais, incluindo os renomados professores Rubison Pinheiro Maia, da Universidade Federal do Ceará, e Rodolfo José Angulo, da Universidade Federal do Paraná, ambos especialistas em geologia e erosão costeira. A liderança do grupo ficou a cargo do professor Cláudio Dybas, coordenador geral do Programa Estratégico de Estruturas Artificiais Marinhas (Preamar-PB), responsável pela fase diagnóstica do TAC.
Embora o estudo completo do Projeto Preamar, que deve durar um ano e meio, ainda esteja em desenvolvimento, a expedição já trouxe respostas emergenciais e importantes para a região. Os especialistas estão otimistas quanto ao desenvolvimento de soluções que combinem ciência, sustentabilidade e eficácia para conter a erosão costeira e proteger a infraestrutura local. O procurador da República, João Raphael Lima, afirmou: “A expectativa é que as análises gerem recomendações práticas e sustentáveis para a região.”
O TAC MPF/PRPB Preamar, que foi proposto em março de 2024 e assinado por nove municípios do litoral paraibano, visa integrar a ciência e a gestão pública para a resolução de problemas ambientais. A iniciativa foi premiada no XII Prêmio República, promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), e é vista como um modelo de boas práticas para unir universidades, gestores públicos e a comunidade local. Como observou João Raphael Lima, “essa iniciativa demonstra como a ciência pode ser aplicada de forma prática e eficiente para resolver problemas ambientais críticos, com impacto direto na qualidade de vida das populações costeiras.”
Redação