Além da seca, que já vem afligindo os paraibanos há séculos, outro problema ameaça o solo e a vegetação do estado, que á a degradação ambiental que causa a desertificação que torna as terras inférteis e improdutivas. Recentes estudos apontam que 27,7%, da área total do Estado já está degradada. Sobre esse perigo, os pesquisadores Catarina Buriti e Humberto Barbosa, destacam os danos dessa degradação.
Segundo Catarina, o estrago no solo aumenta e, em 2019, os satélites usados pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), na Universidade Federal de Alagoas, registraram na Paraíba uma área total degradada de 27,7%, em relação à área total do Estado, sem contabilizar onde estão construídas as cidades. O alerta é para os 7,1% da vegetação que se perdeu e não retornará nunca mais no solo totalmente infértil. “Esses núcleos servem como um exemplo triste sobre o futuro das localidades que ainda têm alguma chance de recuperação, mas continuam sendo exploradas”, disse.
Para o pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) Humberto Barbosa, a Paraíba é o estado brasileiro mais afetado, proporcionalmente, pela desertificação – processo de degradação ambiental que torna as terras inférteis. Ela é uma consequência das ações humanas e não pode ser revertida – nem com chuva -, apenas desacelerada. “A desertificação é um processo cumulativo de degradação ambiental, que afeta as condições econômicas e sociais de uma região ou país, que ao mesmo tempo em que reduz continuamente a superfície das terras agricultiváveis, faz com que a população desses locais ocupe novos territórios, em busca da sobrevivência”, comenta Humberto Barbosa.
Ainda de acordo com Humberto o processo de desertificação é lento e tem início com o desmatamento de uma área. “Esse espaço desmatado é abandonado ou ocupado com pastos e pecuária extensiva. Com isso, o solo fica mais exposto ao sol, água e vento devido à extração da floresta e a substituição por uma vegetação rasteira frequentemente manipulada de forma inadequada. Como consequência, o solo fica mais fragilizado aos agentes erosivos e perde sua capacidade de absorção de água e nutrientes, desencadeando um maior escoamento superficial. Assim, são levadas grandes quantidades de solo, causando assoreamento dos rios e açudes e, finalmente, o solo chega aos oceanos. De lá fica difícil trazê-lo de volta”, explica Humberto Barbosa.
Da Redação