As enchentes registradas em Minas Gerais e que deixaram 55 mortos e centenas de famílias desalojadas, chamaram a atenção para um problema comum nas grandes cidades. Por questões geográficas, e devido as construções irregulares e até pela falta de consciência da população que joga lixo em córregos e bueiros, os temporais deixam sempre um rastro de destruição com as cidades alagadas e muitas famílias desabrigadas.
Com a previsão de chuva para a Paraíba a Defesa Civil de Campina Grande passou a intensificar os monitoramentos nas áreas de risco do município para prevenir a ocorrência de alagamentos, desmoronamentos e ocorrências semelhantes as registradas em Belo Horizonte.
Mapeamento realizado pelo órgão aponta para a existência de 22 áreas consideradas de risco na zona urbana da cidade e 18 áreas vulneráveis a alagamentos. São suscetíveis a alagamentos na Rainha da Borborema, pontos como o do cruzamento das ruas João Quirino e Vigário Calixto, próximo a um shopping no bairro do Catolé; a rua Manoel Leonardo Gomes, no bairro Jardim Paulistano; a avenida Assis Chateaubriand e a rua Manoel Paulino Raposo, respectivamente na Liberdade e no Catolé.
Entre as áreas consideradas de risco, segundo a Defesa Civil, algumas têm maior atenção são a ponte do Cruzeiro; rua Pianguá, no bairro das Cidades; rua Severino Verônica, no Rosa Mística; Vila dos Teimosos, em Bodocongó; e rua Mestre Humberto, no Distrito dos Mecânicos.
Na lista de áreas classificadas como suscetíveis ou vulneráveis a alagamentos também está a rua Almeida Barreto, no Centro da cidade, no trecho entre um supermercado e uma faculdade particular.
Em entrevista exclusiva ao PB Agora nesta sexta-feira (31), o coordenador da Defesa Civil Municipal, Ruiter Sansão, confirmou que a DC recebeu um novo aviso meteorológico da Agência Executiva de Gestão das Águas (AESA) de perigo potencial de chuvas intensas e está em alerta pelas próximas 48 horas. Segundo Ruiter os alertas servem para as defesas civis dos municípios, alertarem as comunidades vulneráveis a uma situação de desastre, sejam alagamentos, inundações ou enxurradas.
Ruiter explicou que o alerta da DC não vai apenas para as comunidades, mas se direciona ao Corpo de Bombeiros e as secretarias de infraestrutura de cada município. No caso de Campina Grande, são acionados a Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SESUMA), Secretaria de Obras (SECOB, secretaria de Assistência Social e Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP).
“Isso para que as pessoas fiquem de sobreaviso, preparadas, veículos abastecidos para em caso de necessidade serem utilizados sem as questões burocráticas atrapalhar” observou.
De acordo com o Ruiter Sansão, a desobstrução de bueiros e alerta ou possível remoção da população em áreas com risco de deslizamento e alagamento são as principais ações realizadas pelos órgãos da Prefeitura Municipal, além da orientação e disciplinamento do trânsito.
Segundo ele, são raros em Campina Grande os deslizamentos de terra. No entanto, a drenagem da cidade, tem alguns problemas relacionados a construções que impedem a passagem normal das águas.
“São as construções irregulares que a gente pode identificar no canal do Distrito dos Mecânicos, na rua Manoel Leonardo Gomes no Jardim Paulistano, na rua Pedro Brasil na Rosa Cruz” lembrou.
Ruiter observou que as pessoas deveriam evitar as construções em cima de sistema de drenagem urbana, visto que quando vem as chuvas intensas, a águas são represadas e retornam para as comunidades, provocando inundações e alagamentos.
Ainda de acordo com Ruiter Sansão, todas as ocorrências registradas são acompanhados in loco pelos técnicos, prestando apoio e orientação às vítimas. O trabalho acontece durante as chuvas e, principalmente, antes destas, como parte de um trabalho preventivo às catástrofes climáticas.
Em parceria com a Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente, o órgão tem realizado inicialmente a limpeza de canais de esgoto e bocas de lobo.
O coordenador da Defesa Civil informou que um local para ser considerado uma área de risco, o terreno mapeado é enviado para a Seplan para haver uma análise de laudo.
Os imóveis precisam ser casas ou áreas de risco mapeadas pelo serviço geológico nacional junto da Defesa Civil, sendo que o órgão não pode oferecer laudos retroativos.
Este ano Campina Grande já registrou uma forte chuva que deixou um rastro de destruição. As chuvas fortes que duraram cerca de duas horas provocaram alagamentos, desabamentos e acidentes de trânsito, na cidade no último dia 21 de janeiro.
Com o temporal, muros desabaram, árvores caíram, canais transbordaram, ruas foram alagadas e veículos colidiram em vias do município. O Açude Velho, cartão postal da cidade transbordou, e as ruas próximas ficaram alagadas.
Ruiter Sansão revelou ao PB Agora, que das 47 ocorrências registradas no temporal do dia 21 de janeiro, 23 foram alagamentos ou inundações, a maioria perto de construções que impediram a passagem das águas. Não houve desmoronamentos de casa, mas desalojamento de 8 famílias.
“As construções irregulares descumprem o Código de Obras do Município e descumprem legislação ambiental e legislação da Defesa Civil. Quando vem a chuvas, geram problemas nas famílias carentes” observou.
Severino Lopes
PB Agora