Após a confirmação da doação do acervo pessoal do artista plástico pernambucano Abelardo da Hora à Paraíba no final de outubro deste ano, familiares do escultor, pintor, desenhista e gravador divulgou uma carta esclarecendo a decisão. A declaração pública dos familiares em decorrência de uma polêmica criada depois do discurso de um vereador do Recife criticando o envio o acervo do artista à Paraíba.
O Termo de Doação das obras do artista ao Estado da Paraíba foi assinada na casa onde Abelardo vivia na capital pernambucana. Para abrigar o acervo, avaliado em cerca de R$ 11 milhões, foi iniciada a obra do Memorial Abelardo da Hora, no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa. As obras do artista, que morreu há 4 anos, eram preservadas pelos familiares em um casarão na capital pernambucana.
No documento divulgado pelos familiares, intitulado “Abelardo de todas as horas e de todo o Brasil”, a família explica que recebeu convites de outras partes do país e convites internacionais, como dos países de Portugal, Romênia e Emirados Árabes, mas optou pela Paraíba pois já tinha sido iniciada a construção do museu antes mesmo da doação ser concretizada e por estar perto, acessível também aos pernambucanos.
“A doação mantém viva a fraternidade entre os dois estados – irmãos culturais – pois, da mesma maneira que Pernambuco abriga, mantém, preserva e divulga a obra e a memória do paraibano Ariano Suassuna, a Paraíba abrigará, manterá, preservará e divulgará a obra e a memória do pernambucano Abelardo da Hora. Não há, portanto, nenhum prejuízo para a cultura de nenhum dos dois estados, nem para a cultura nordestina”, explicou.
A família de Abelardo da Hora também informou que ofereceu por mais de uma vez o acervo ao governo de Pernambuco, desde que oferecesse as mesmas condições apresentadas pela Paraíba para abrigar, manter, preservar e divulgar a obra e a memória de Abelardo da Hora.
“Infelizmente, o governo pernambucano não pôde oferecer as mesmas e definitivas condições postas pelo governo paraibano; diante desta situação, não restou à família de Abelardo da Hora nada além de doar o acervo do artista ao estado vizinho, inclusive porque a permanência do referido acervo na sua antiga residência, além de altamente dispendiosa para a família, incorria em grande risco de deterioração”, afirma a carta.
Abelardo da Hora
O artista pernambucano é reconhecido como um dos mais importantes artistas brasileiros e deixou um acervo com quase 300 peças, entre esculturas, telas e outras obras. Nasceu em 1924 na cidade de São Lourenço da Mata, em Pernambuco. Cursou Artes Decorativas no Colégio Industrial Professor Agamenon Magalhães. Ingressou na Faculdade de Direito de Olinda e frequentou o Curso Livre de Escultura da Escola de Belas Artes do Recife. Entre 1943 e 1945 foi contratado pelo industrial Ricardo Brennand, para trabalhar na Cerâmica São João, época em que realizou diversos trabalhos com motivos regionais.
Entre 1955 e 1956, realizou, para a Prefeitura do Recife, diversas esculturas representativas da cultura popular, entre elas: “Os Cantadores e o Vendedor de Caldo de Cana”, no Parque 13 de maio, “O Sertanejo”, na Praça Euclides da Cunha.
G1
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