Quase seis meses após a justiça da Espanha ter autorizado o uso das provas materiais colhidas pelas autoridades brasileiras no processo de François Patrick Gouveia, réu confesso da chacina da família paraibana em Pioz, parentes das vítimas ainda lutam pelo envio das provas. Walfran Campos, irmão do pai da família morta e tio do assassino confesso, recorreu ao Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba para que seja realizado o envio. O pedido foi feito ao MPF no dia 21 de setembro, mas só foi divulgado nesta quarta-feira (27).
De acordo com Walfran Campos, o pedido do envio do tênis, do cartão de memória do celular e do notebook de Patrick Gouveia foi feito em março, embora a autorização da justiça espanhola só tenha saído em abril deste ano. Ele explica que o atraso no envio prejudica a celeridade do julgamento do jovem, que confessou ter matado o tio, a esposa dele e os dois primos.
Janaína Américo, Marcos Campos Nogueira e os filhos do casal, de 1 e 4 anos, foram encontrados mortos e esquartejados em um chalé na cidade espanhola de Pioz em 18 de setembro do ano passado, cerca de um mês após o crime.
Patrick Gouveia, sobrinho de Marcos, se entregou à polícia da Espanha e confessou o crime em 19 de outubro. Ele segue preso até esta quarta-feira no complexo penitenciário de Estremera, na Espanha. As urnas com as cinzas da família chegaram em João Pessoa em 10 de janeiro, quatro meses depois, quando as vítimas foram enterradas. Um ano depois do crime, a família das vítimas e do assassino confesso ainda sofre com o episódio.
O novo conjunto de provas, de acordo com Alberto Martin Garcia, advogado da família Campos Nogueira na Espanha, é fundamental para evitar que a defesa de Patrick Gouveia encontre brechas que atenuem a pena. “Fizemos um novo contato com o juiz do caso em agosto e até o início do mês passado ainda não havia sido reportado nada por parte das autoridades brasileiras sobre o envio das provas recolhidas no Brasil”, explicou.
Walfran Campos acredita que o material colhido na investigação por parte da polícia espanhola seja suficiente para condenar Patrick à prisão permanente revisável. Mas, segundo ele, o objetivo com o material recolhido pelas polícias federal e civil na Paraíba é encontrar vestígios que indiquem que o jovem informou algumas pessoas sobre o crime com antecedência.
Entre essas pessoas está Marvin Henriques Correia, denunciado como partícipe em um processo na Paraíba por dar dicas a Patrick sobre a chacina pelo WhatsApp.
“Mesmo após todo esse tempo, acreditamos que as conversas podem indicar que mais alguém, além de Patrick, sabia do planejamento do crime. Por isso é muito importante que o material que está sob poder das autoridades brasileiras sejam enviadas para a Espanha”, completou Walfran Campos.
Em visita na segunda-feira (25) à casa da família Campos Nogueira, o embaixador da Espanha, Fernando Villalonga, chegou a declarar à imprensa que “acredita que a justiça seja feita no Brasil [no caso de Marvin], assim como está sendo feita na Espanha”.
Na ocasião o embaixador e o cônsul da Espanha para o Nordeste, Gonzalo Fournier, prestaram solidariedade às famílias de Marcos e Janaína Nogueira. Os dois representantes garantiram que as autoridades espanholas estão trabalhando de forma firme no caso, mas não informaram quando deve acontecer o júri de Patrick.
Redação com G1