A Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice Almeida”- Fundac, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), certificou nas unidades socioeducativas do Lar do Garoto e Abrigo Provisório, em Lagoa Seca, 36 adolescentes que fizeram o curso profissionalizante de Confeiteiro de Doces e Salgados. A entrega dos certificados de qualificação profissional foi realizada na sexta-feira (6), no pátio da unidade.
J.M., 19 anos, da cidade de Cacimba de Dentro, sertão paraibano, estava animado. Escolhido pelos demais como orador da turma, ele disse que o curso teve um significado muito importante. “Tenho certeza que vai ser muito bom pra mim. Não só pra mim quanto pros meus colegas também. A gente vai sair daqui, vai arrumar um serviço, vai se profissionalizar em outros cursos, vai voltar a estudar. A gente vai sair dessa”, reafirmou enfatizando que está há um ano e quatro meses na unidade. “Vocês abriram a porta e me deram um empurrão para o meu futuro”, declarou.
L. E., 19 anos, de Campina Grande, está há um ano na unidade. Ao ser indagado sobre o que pensa fazer a partir desta qualificação, ele disse que o curso foi “um impulso na vida da gente”. E acrescentou: “Tá certo que a gente errou, mas todo ser humano merece uma chance na vida. Então isso aí serve muito na vida da gente”. Ele adiantou que pretende trabalhar na área “por que meu sogro já tem padaria, então fica mais fácil pra mim. Aprendi a confeitar, agora pretendo aprimorar”.
O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Raulino Maracajá, foi o interlocutor nessa ação para que o curso fosse realizado. Ele disse que essa é uma data muito simbólica porque é a primeira etapa da parte dos cursos, com a entrega dos certificados. “O que a gente quer com os cursos é, de alguma forma, qualificar essa mão de obra para que quando eles cumprirem suas medidas socioeducativas consigam lá fora uma segunda ou quem sabe, terceira chance, já que receberam um certificado, com um curso de qualificação realizado e muito bem ministrado pelo Senai”, disse o procurador.
“A nossa torcida é para que possam, lá fora, ser contratados, quem sabe, como aprendizes ou mesmo como empregados, dependendo da idade, por empresas, por comércios, por demais estabelecimentos para que , realmente, essa segunda, terceira chance possa ser revertida na prática e na realidade deles daqui pra frente”, comentou.
O juiz titular da Vara da Infância Algacyr Rodrigues Negromonte, disse que esses cursos profissionalizantes vêm, de um modo geral, garantir ao socioeducando uma profissão mínima para que ele, ao sair da unidade de internação, possa ter uma oportunidade de trabalho, já que existe uma grande discriminação com as pessoas que são egressas do sistema tanto penitenciário como o socioinfantil.
“Esse trabalho do curso em si exige tanto a atenção da sociedade, de um modo geral, do pessoal da Fundac, Vara da Infância, Ministério Público, Defensoria Pública, enfim de todos os atores que compõem a infância e a juventude devem estar unidos exatamente para proporcionar a esses adolescentes um melhor convívio, pra que eles saiam melhor do que quando entraram”, declarou.
O juiz disse ainda que “pelo menos recebem educação por que muitos estão fora de sala de aula, muitos outros não recebem a visita familiar e ficam prejudicados pelo fato de serem de regiões mais distantes como parte do sertão ou até do brejo. Aqui recebemos adolescentes de praticamente todo o Estado, então tem esses dificultadores. Mas quando todos se unem, o resultado é esse”, comentou.
Algacyr disse ainda que o que mais dar motivação a quem é da Vara da Infância é exatamente perceber que quando esses cursos profissionalizantes começam a pesar nas avaliações para fim de liberação, muitos ficaram entusiasmados e querendo estudar. “Tanto que dessa turma de 36, oito conseguiram a liberação. Saíram do meio fechado (internos); sete vão para o meio aberto (liberdade assistida) e um deles teve a medida totalmente extinta ou seja, são adolescentes que, pelo que observamos, nos relatórios feitos pela Fundac, estão aptos a voltar ao retorno da sociedade. No entanto, ao voltarem, é preciso que haja um acompanhamento por parte dos Creas dos respectivos municípios, para que todo trabalho feito na unidade não se perca com o tempo”, declarou.
Já o coordenador do Senai, Claudio Cícero, disse que tem uma meta proposta para atendimento durante um ano. O primeiro passo dado envolve as escolas do CTCC (Centro de Tecnologia de Couros e Calçados) e o Centro de Ações Móveis, outra unidade do Senai. “No momento, nós não temos nada já agendado, mas como foi muito bom esse primeiro contato, com certeza vai abrir caminhos pra novas parcerias. Nós estamos, nesse primeiro contato partindo da Fundac em parceria com o Senai”, informou alegando que foi a primeira vez que o Senai fez essa parceria com a Fundação.
“Nós já tínhamos outras experiências com o sistema prisional. Geralmente nós ficamos assim maravilhados com os resultados. São pessoas que não tinham perspectivas e que após as aulas começam a pensar num futuro de maneira diferente. Não com aquele sentimento de inferioridade, mas com aquele pensamento realmente de exercer os seus direitos de cidadania. Tendo seus direitos, seus deveres, e colocar em prática aquilo que eles aprenderam”, declarou.
Alan Queiroz, professor do Senai responsável por ministrar o curso, disse ser muito importante ter os jovens com a mente ocupada. “O entusiasmo deles foi muito grande. A gente escuta relatos de agentes dizendo que, no dia do curso, todos já estavam cedo na sala. Nenhum aluno faltou. Não tivemos nenhuma baixa, esse tempo todo de curso e os relatos foram os melhores possíveis”, declarou.
Parceria – A coordenadora de Desenvolvimento Educacional do Senai, Renata Santos, explicou que foi uma ação conjunta do Senai com o Ministério Público do Trabalho (MPT). “O Senai foi solicitado pelo MPT para elaborar um projeto de atendimento a esses jovens da Fundac. Então fizemos um levantamento da demanda, quais os cursos possíveis, diante da realidade da instituição, haja visto que os jovens estavam em situação de vulnerabilidade e internos”, explicou.
“Visitamos a Fundac, fizemos um levantamento e selecionamos cinco cursos, dentre eles confeiteiros de doces e salgados, montador de calçados, instalador hidrossanitário, operador de micro computador e costureiro de máquinas industriais. Então fizemos todo um perfil e juntos com a equipe da Fundac (coordenação pedagógica) foi feito um levantamento de que jovens poderiam atender a esse perfil, por que tem a questão da escolaridade e da idade que esses cursos demandam”, explicou.
A parceria foi possível porque o MPT autuou uma empresa de Campina Grande e a multa foi revertida nessa ação. “Fizemos o projeto, o Ministério Público concordou e nós desenvolvemos essa ação. Isso também faz parte de um projeto que o Senai desenvolve chamado ‘O programa Senai de Ações inclusivas’, que atende não só pessoas com deficiência mas que estão em situação de vulnerabilidade”, explicou.
Lucio Ávila, diretor da Fundac, disse para os jovens que “esse curso deu um norte na vida de vocês. A Fundac está de portas abertas para receber, apoiar e, principalmente, colaborar. Essa certificação é a primeira de várias que vamos ter durante esse ano”, disse. Participaram também da solenidade, a diretora administrativa da Fundac, Sandra Burity, o assessor jurídico Alysson Filgueira, Luzivone Lopes, o vice-diretor Francisco Souza, corpo técnico e agentes socioeducativos da unidade.
Secom
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