O Governo do Estado inaugura, nesta quinta-feira (18), às 9h, no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, a reforma e ampliação do Espaço de Atenção à Crise (EAC), que vai receber pessoas com sofrimento psíquico e dependentes químicos de todos os municípios do Estado. A ação faz parte da programação alusiva ao aniversário de 431 anos de João Pessoa.
De acordo com a secretária estadual de Saúde, Roberta Abath, a nova estrutura de atendimento é um protótipo de pronto-atendimento psiquiátrico dentro das mudanças de prática que a gestão vem implantando no processo de humanização e cuidado ao paciente.
“No início desta gestão, ainda podíamos ver pacientes em crise sendo cuidados atrás de grades ou amarrados – estas práticas estão fora dos padrões humanizados de tratamento. Este novo espaço eliminou todas as grades, acrescentou cores e musicoterapia, permitindo condições físicas mais dignas para que os profissionais cuidem melhor daqueles que passam por momentos tão críticos e precisam, sobretudo, de atenção e carinho”, explicou.
Além das mudanças na estrutura física, o lugar passou por uma reformulação no modelo de atendimento e reorganização das equipes multiprofissionais, com o objetivo de atender a proposta de humanização no cuidado da saúde mental. O espaço favorece o bem estar dos usuários e servidores, sendo mais um passo de fundamental importância na reforma psiquiátrica.
Uma das principais mudanças no setor aconteceu nas enfermarias onde as grades foram substituídas por portas de madeira; todo o ambiente recebeu decoração com peças artesanais produzidas pelos pacientes; foi criado um espaço de convivência numa área aberta; espalhadas caixas de som, por todo prédio, com músicas instrumentais; foram implantadas a sala de acompanhamento para familiares e acompanhantes dos usuários e a sala multiprofissional para psicólogos e assistentes sociais para familiares dos pacientes internados.
“Entendemos que um usuário com sofrimento psíquico gera clima de estresse na família e neste espaço a equipe receberá os familiares de forma acolhedora e humanizada. Vale ressaltar que a demanda do Juliano Moreira não diminuiu, continuamos atendendo pacientes de toda a Paraíba. Diminuiu, entretanto, o tempo de internação – que antes ultrapassava a marca de seis meses”, destacou o diretor geral do Complexo, Walter Franco.
O momento marca mais uma modificação efetiva nos cuidados com o paciente acolhido pelo Juliano Moreira, exigindo de toda a equipe de técnicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e cuidadores maior um acompanhamento intensivo, corpo a corpo, para auxiliar os pacientes a sair da crise e retornar à estabilidade emocional.
“Não temos a ilusão de que só os psicotrópicos (medicamentos) são a solução no auxílio aos pacientes. Medicamentos psiquiátricos são, sim, necessários, mas sozinhos não surtem efeito. O cuidado presente, as atividades terapêuticas, as oficinas, o carinho e amor a essas pessoas que se distanciaram da razão de si próprias, a presença lúcida e amorosa dos cuidadores fazem toda diferença no tratamento e na reinserção dos pacientes ao convívio familiar e social”, pontuou o diretor do Complexo.
A proposta de tempo do internamento no EAC é de três a 10 dias, mas, dependendo da situação clínica do paciente, este período será prolongado (até, no máximo, 22 dias). O Espaço pode receber até 16 pacientes. Se o usuário for de João Pessoa, deve ser atendido no Pronto Atendimento em Saúde Mental (Pasm), que fica no Trauminha, em Mangabeira. Caso haja necessidade, é feita a regulação para o EAC.
O diretor explicou que o Juliano vem buscando diminuir cada vez mais o tempo de hospitalização dos pacientes. Por isso, a equipe vem desenvolvendo um trabalho conjunto para que o usuário possa se recuperar e restabelecer sua saúde emocional e psíquica num menor tempo possível e, dessa forma, ser encaminhado aos serviços substitutivos – Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
“A nossa Rede de Atenção Psicossocial possui a maior cobertura de Caps por número de habitantes do Brasil. Numa luta coletiva, temos acolhido os pacientes num atendimento mais humanizado e antimanicomial”, concluiu Walter
Secom
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