As características deles são visíveis. Costumam preservar seus valores, costumes e tradições. Com uma população quilombola de 905.415 pessoas, o Nordeste concentra mais da metade (68,2%) desse grupo ético entre as outras regiões brasileiras. A Paraíba, porém, é o estado da região que apresenta o menor número de quilombolas, com um contingente de 16.584 pessoas. Os dados fazem parte dos primeiros resultados do “Censo Demográfico 2022 – Quilombolas”, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento do IBGE mostrou que os municípios paraibanos que apresentaram maior quantidade de residentes quilombolas foram Conde, com cerca de 3.000; João Pessoa com 2.260; Cacimbas com 1.698, Santa Luzia com 1.324 e Alagoa Grande que tem 946 pessoas.
No geral, 51 municípios do estado registraram população quilombola. Quando se calcula a proporção entre o número de quilombolas com a população de cada município, os destaques ficam para Cacimbas (23,5%), Conde (10,9%), Diamante (9,4%), Santa Luzia (8,9%), Riachão do Bacamarte (8,8%) e Dona Inês (7,8%). Em João Pessoa, essa proporção é de 0,3%.
Apesar do número elevado de pessoas, apenas 48,42% da população que mora em territórios quilombolas na Paraíba se considera quilombola. Ou seja, das 6.026 pessoas residentes em territórios quilombolas, somente 2.918 se consideram quilombolas. Já a população quilombola que mora fora dos territórios quilombolas na Paraíba é de 13.666 pessoas.
Essa é a menor proporção de todo o país, sem levar em consideração as taxas dos estados do Acre e Rondônia e do Distrito Federal, cujos dados não estão disponíveis na pesquisa.
O “Censo Demográfico 2022 – Quilombolas” mostrou também que apenas 17,60% da população quilombola da Paraíba estão em territórios oficialmente delimitados, o que compreende 2.918 pessoas. Ao todo, são 11 territórios oficialmente delimitados no Estado. Os primeiros lugares ficaram com Sergipe (45,24%), Piauí (26,54%) e o Ceará (19,18%). Depois vêm a Paraíba (17,60%), o Rio Grande do Norte (15,39%), o Maranhão (10,79%), Pernambuco (8,59%), Bahia (5,23%) e Alagoas (1,83%). Vale lembrar que o percentual paraibano é superior ao nacional (12,59%).
Em todo o Brasil, a população quilombola é de 1.327.802 pessoas, sendo 905.415, correspondentes a 68,2% do total, no Nordeste. Somente na Paraíba, são 16.584. Os quilombolas representam 0,65% da população residente do Brasil. Na Paraíba, que tem 16.584 quilombolas, a proporção é de 0,42%.
A comunidade quilombola Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande, é a mais famosa na Paraíba. As famílias de Caiana dos Crioulos mantêm vivas tradições e manifestações culturais herdadas de seus antepassados africanos, a exemplo dos grupos de coco de roda e de ciranda, que se apresentam em eventos artísticos e educacionais na Paraíba e em outros estados.
Alguns autores afirmam que descenderia de escravos africanos que por lá se instalaram entre os séculos XVIII e XIX, rebelados quando do desembarque de um navio negreiro aportado na Baía da Traição, no litoral norte da Paraíba. Outros entendem que teria surgido a partir da chegada, a Alagoa Grande, de sobreviventes do massacre do Quilombo dos Palmares, o que justificaria a existência da localidade denominada Zumbi, nas proximidades do município.
Os Quilombolas são grupos étnicos, predominantemente constituídos de população negra rural, descendentes de ex-escravizados, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias.
Severino Lopes
PB Agora