A primeira representação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fora do eixo Brasília-Rio de Janeiro, deve ser instalada na Paraíba. A informação foi anunciada pelo diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Renaut Michel, que analisou, nesta sexta-feira (29), os efeitos da crise econômica global no país e na Paraíba durante a palestra “A economia brasileira: desempenho recente e perspectivas”, que aconteceu no auditório do Sebrae, em João Pessoa.
Criado há 45 anos, o Ipea, além de um dos principais institutos de pesquisa do país, é uma fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O instituto é presidido atualmente pelo economista e professor da Unicamp Márcio Pochmann. O Ipea realiza atividades de pesquisa que fornecem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento do país. Os trabalhos do Ipea são disponibilizados para a sociedade por meio de inúmeras e regulares publicações e seminários e, mais recentemente, via programa semanal de TV em canal fechado.
Em 2007, o Ipea anunciou que as duas primeiras representações fora do eixo Brasília -Rio de Janeiro seriam Natal (RN) e Belém (PA), mas as negociações com esses governos locais não avançaram e as parcerias não foram ainda concretizadas. A representação do Ipea na Paraíba, que será aberto em convênio com o Governo do Estado, vai funcionar provavelmente no Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba (Ideme), em João Pessoa, que já assinou convênio. Com essa representação, o Ipea poderá, por exemplo, divulgar pesquisas com detalhamento estadual, o que não acontece atualmente, sem falar ainda nos ganhos acadêmicos, do banco de dados que estará disponível pelo instituto, que analisa e traça políticas públicas de médio a longo prazo para o país.
Segundo o diretor Renaut Michel, a parceria com o Governo do Estado, via convênio com o Ideme, está praticamente fechada. “A diretora de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea, Liana Carleal, será a responsável pelas negociações finais, mas um dos técnicos já está em João Pessoa e fez inclusive matrícula de seus filhos em escolas locais”, revelou.
Já o superintendente do Ideme, Achilles Leal, informou que caberá ao governador José Maranhão anunciar o dia em que o Ipea será instalado na Paraíba. Segundo Leal, o instituto fará parcerias com o Ideme para a realização de pesquisas de caráter regional. “A Paraíba será o primeiro Estado do Nordeste a ter uma representação do Ipea. Toda a documentação para a instalação foi assinada e já existe um técnico do instituto de pesquisa morando na Paraíba”, acrescentou.
Para Renaut Michel, as vantagens dessa parceria para os governos locais da Paraíba e dos Estados do Nordeste “estão na capacidade de ampliar o planejamento de médio e longo prazo. A expressão mais acabada de que é possível ter capacidade de planejamento mais amplo será a instalação da representação do Ipea na Paraíba. Esse será um aceno importante no sentido de pensar o Estado da Paraíba e a própria Região Nordeste no longo prazo as políticas públicas de desenvolvimento. A ideia da representação do Ipea na Paraíba aponta uma contribuição aos governos da Paraíba e dos demais Estados do Nordeste. Diria que mantida a estabilidade institucional política do Estado vejo com otimismo essa parceria entre os governos estaduais e o Ipea que podem trazer frutos promissores”, apontou o economista do Ipea.
O vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB), Rafael Bernardino, disse que a chegada da representação do Ipea na Paraíba “é um marco extremamente positivo. Eles vão contribuir de forma qualitativa com as análise das políticas públicas e econômicas desenvolvidas na região, trazendo informações e pesquisas para subsidiar discussões sobre o desenvolvimento econômico regional”, frisou o economista.
Para Bernardino, “o espírito empreendedor deve ser o carro chefe para tirar o atraso de nossa economia, que no último PIB obteve o segundo menor crescimento do país 2,2%”, perdemos apenas para o Piauí.
Jornal da Paraíba