Um serviço básico que garante qualidade de vida à população está distante de muitas pessoas na Paraíba. A falta de água potável afeta 244.898 domicílios que estão espalhados do Sertão ao Litoral do Estado. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), em dezembro de 1999, a Paraíba possuía 59.862 residências que não recebiam o líquido potável. Hoje, o número de domicílios que se enquadram neste perfil subiu para 244. 898 do total de 935.797 residências existentes no Estado. No período de quase dez anos, houve a inclusão de 185.036 casas sem direito ao consumo do produto com qualidade. Isso é equivalente a um aumento de 309%, desta forma, o problema mais que triplicou de tamanho.
Levando em consideração quatro membros por moradia – número utilizado nos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – a ausência de água potável em 244.898 habitações representa um universo de 979.592 paraibanos sem o líquido tratado. Ou seja, perto de um terço (1.213.798) dos 3.641.395 habitantes enfrentam a calamidade na Paraíba. Os números da população da Paraíba são referentes à contagem de 2007 do IBGE. Somente em João Pessoa, são 74.648 famílias que consomem o líquido sem antes passar por estações de tratamento.
Em Pilões, município do Brejo paraibano e distante 142,5 quilômetros (km) de João Pessoa, 843 domicílios enfrentam a situação, conforme o MS. No sítio “Cachoeira dos Paulinos”, comunidade rural que tem mais de 60 anos, nenhum membro das cinco famílias que moram na localidade nunca consumiu água tratada e tampouco viu obras públicas que permitam ter acesso ao serviço de abastecimento. O exemplo é o da dona de casa Josefa da Silva, 57 anos. Ela nasceu e cresceu no sítio consumindo água de um poço artesiano, perfurado pelos avós da mulher há mais de 60 anos. “Eu uso a água do poço para beber, preparar o almoço e o jantar em casa. É com ela que também lavo as minhas roupas e as da minha filha”, contou a mulher.
A vida de Josefa da Silva já foi pior. A agricultora passou 50 anos fazendo mais de dez viagens diárias para pegar água no poço, que fica a 500 metros da residência dela. Eram dez quilômetros de caminhada por dia. “Era muito cansantivo fazer a viagem para pegar água todos os dias. Tinha dia que eu não aguentava andar de tanto doer as pernas. Hoje está mais fácil. A bomba que os moradores compraram puxa a água do poço e a distribui para uma caixa de água de mil litros. Por último, ela vai descendo para três casas no sítio”, explicou Josefa da Silva.
Mesmo sem passar por estações de tratamento, a moradora da zona rural de Pilões considera boa a água do poço. Josefa da Silva disse que ninguém nunca ficou com coceira e manchas avermelhadas no corpo e nem sofreu de diarreia ao beber o líquido que sai do poço de três metros de profundidade. “A única coisa que eu coloco na água é o cloro que eu pego, às vezes, no posto de saúde. Até agora, eu não vi ninguém adoecer, mas eu sei que água sem tratamento é perigosa e pode ocasionar doenças”, declarou a moradora de “Cachoeira dos Paulinos”. No sítio, ainda existe outro poço que abastece mais duas famílias.
É na capital do Estado em que a situação toma proporções alarmantes. João Pessoa possui 74.648 famílias que consomem água sem qualidade. Um desses domicílios é o de José Miguel Maranhão, 50 anos. Ele mora na ‘Favela do Lixão’, ao lado do antigo depósito de lixo no bairro do Róger. Há oito anos, o pedreiro vive no local e nunca teve o privilégio de abrir as torneiras e ver a água descendo para lavar a louça na pia ou tomar banho de chuveiro. O problema de José Miguel é compartilhado por outras 31 famílias que moram em casas de alvenaria ou barracos à margem de uma maré, no Róger.
A alternativa encontrada pelo pedreiro, que mora com a esposa e uma cunhada, foi fazer uma rede clandestina para ter acesso ao serviço e por fim ao cansaço físico diário. José Miguel andava 150 metros para pegar água na casa dos vizinhos ou em poço e carregá-la para a residência em baldes e depósitos. “Eu fiz uma ligação entre uma mangueira, que vai por dentro da maré, e um cano de água que passa 150 metros de distância de minha casa. A água chega na minha residência e eu distribuo para os vizinhos. Foi o único jeito de amenizar a situação, já que nossa comunidade é excluída pelo poder público”, explicou o líder comunitário que procurou a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) para que a comunidade tenha o fornecimento de água potável. “Não tivemos sucesso. Eles simplesmente disseram que não podiam atender nossa reivindicação”, relatou.
Jornal da Paraíba
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