Uma reportagem do portal O Globo trouxe como destaque essa semana a inauguração – nesta segunda-feira (24) – do primeiro museu da maconha do Brasil, que ficará sediado na cidade de João Pessoa, Capital da Paraíba. A inaguração do museu também foi destaque nos portais UOL e Folha de São Paulo, essa semana.
A matéria completa no o GLOBO:
Primeiro museu da maconha do Brasil será inaugurado em João Pessoa: ‘Toda história da cannabis vai estar lá’, diz criador
Fotos, recortes históricos de jornais e revistas, equipamentos do século passado, espaços interativos e salas de projeção. Todos esses artigos estarão reunidos em um novo museu de João Pessoa (PB), a ser inaugurado no próximo dia 24. O ineditismo do empreendimento, porém, está no tema do acervo: cannabis.
O primeiro museu canábico do Brasil está sendo construído pela Associação Brasileiro de Apoio Cannabis Esperança (Abrace), ONG que milita pelo uso da maconha medicinal no país. O objetivo é contar a história da cannabis no mundo, desde o cânhamo produzido nas sociedades antigas, passando pelo seu uso farmacêutico nos EUA, no século 19, até a repressão e chegando às recentes legislações de descriminalização.
No Brasil, o marco é o ano de 2014, quando houve a primeira autorização para importação de CBD para fins medicinais, época que marcou o surgimento da Abrace, que completa nove anos nesta quinta (20), e de outras associações pelo país.
— A canabis é usada de forma medicinal desde 1864. Nos EUA, frascos de óleo eram vendidos nas farmácias, com prescrição médica, para tratamento de insônia, inapetência, cólicas etc. E séculos antes, os caules da maconha eram esmagados para produção de fios de cânhamo, usados até nas velas das caravelas portuguesas. Sem a maconha, não teria existido a colonização — explica Cassiano Gomes, fundador e diretor executivo Abrace.
‘Somente com a educação que a gente vai mudar’
Entre os itens que estarão expostos no Museu Brasileiro da Cannabis há réplica da máquina antiga de produção de cânhamo e antigos frascos medicinais vendidos nas farmácias americanas. O acervo, que continuará sendo construído, diz Gomes, conta também com recortes históricos de jornais, de revistas, cartazes de filme e fotografias do século passado. Tudo relacionado à cannabis.
— A cannabis tem uma história muito longa, que foi suprimida para atender a interesses políticos, ideológicos e comerciais. Até 1913, quando houve a primeira lei de proibição, na Califórnia, um terço dos medicamentos nas farmácias dos EUA continham resina de cannabis. Só a Pfizer fabricava 27 produtos de cannabis. Demorou até 1996 para a Califórnia aprovar outra lei flexibilizando a proibição — diz Cassiano Gomes, que destaca a importância do museu para conscientização da população acerca dos benefícios da cannabis medicinal. — Somente com a educação que a gente vai mudar.
O museu ficará num imóvel histórico de João Pessoa, tombada por ter sido casa do senador José Maranhão. Há cerca de um ano, a Abrace negociou o aluguel do espaço, para ampliar seus projetos. Em outro local, onde hoje funciona o laboratório da associação de produção do óleo, já existe uma sala que funciona como um pequeno museu. Mesmo com tamanho reduzido, o espaço atrai visitantes, como turmas de escolas, além de farmacêuticos e estudantes de medicina.
— Já recebi ônibus com 60 estudantes somente para conhecer a Abrace, então temos essa demanda. A ideia é que a cidade ganhe mais um museu, que João Pessoa carece. A inauguração será na segunda, mas depois ainda vamos melhorar o local, adquirindo mais acervo e montando uma biblioteca. Mas já temos muito material, jornais, toda história da cannabis vai estar lá — finalizou Gomes