Dia de vigília, protestos e julgamentos em Queimadas. Quase três anos após o desaparecimento e estupro seguido de morte de Ana Alice de Macêdo Valentin, 16 anos,no município de Queimadas, a sociedade organizada em torno do Comitê Ana Alice segue mobilizada aguardando o julgamento do caso, marcado para esta terça-feira (18) de no auditório da Câmara Municipal de Vereadores de Queimadas, à partir das 8h30. Será levado a júri popular o vaqueiro Lêonio Barbosa de Arruda, acusado de estuprar e matar a adolescente.
Conforme o comitê, participarão da vigília e de uma panfletagem mulheres vestidas de branco, com rosas, cruzes e cartazes, para sensibilizar a população de Queimadas, marcada por outros casos de violência contra a mulher, e cobrar da Justiça punição exemplar para Leônio, que em abril do ano passado conseguiu fugir da Penitenciária Padrão de Campina Grande escalando o muro, mas foi recapturado 10 dias depois no município de Caturité.
O Comitê de Solidariedade Ana Alice foi formado com o intuito de lutar pela resolução deste e de outros crimes de violência contra a mulher. A entidade reúne diversas organizações em torno da bandeira de luta pelo fim da violência contra a mulher.
O Comitê realizará uma vigília no dia 18, em frente ao local do julgamento, com mulheres vestidas de branco e segurando flores vermelhas, cruzes pretas, cartazes e faixas pedindo punição exemplar para o criminoso. Haverá ainda uma panfletagem e a exibição de um grande painel com o rosto de Ana Alice no Centro da Cidade para sensibilizar a população e conscientizar sobre a temática.
O julgamento será conduzido pelo juiz titular da 1ª Vara Mista de Queimadas, Antonio Gonçalves Ribeiro Junior, responsável pelo caso, e contará com representantes da defesa do réu e os assistentes de acusação do Ministério Público, além de testemunhas de defesa e de acusação. Terão permissão para acompanhar o julgamento a família da vítima e do réu e representantes de movimentos de mulheres e do Comitê Ana Alice.
O Comitê tem organizado, desde o mês de julho, uma agenda de atividades com palestras nas escolas públicas, colagem de cartazes pelas ruas e diálogos com entidades sociais e religiosas no sentido de não só unir a sociedade no apelo por justiça, como conscientizar para prevenir novos casos.
Desde que o crime ocorreu, o Comitê esteve articulado com as famílias de outras vítimas como as de Isabella Pajuçara e Michelle Domingues, as duas mulheres assassinadas durante o bárbaro estupro coletivo ocorrido também em Queimadas em fevereiro de 2012. Ambos estiveram unidos durante momentos críticos como a fuga e posterior recaptura do preso assassino de Ana Alice, em abril de 2014, e o julgamento do mentor do caso do estupro seguido de morte das duas mulheres em setembro de 2014. Com estas ações, o Comitê e a família de Ana Alice esperam que a repercussão do caso sirva de exemplo para inibir a atitude de outros agressores e ajudar a formar uma consciência de não violência contra a mulher.
O caso Ana Alice – No dia 19 de setembro de 2012, a adolescente de Queimadas Ana Alice de Macedo Valentim, jovem agricultora militante do Polo da Borborema, foi abordada quando chegava em casa depois da aula, estuprada e violentamente assassinada aos 16 anos de idade, tendo seu corpo sido enterrado em uma fazenda na zona rural do município de Caturité.
A adolescente permaneceu desaparecida por quase 50 dias, quando nas imediações de sua comunidade, uma nova mulher desapareceu, sendo encontrada apenas no dia seguinte com marcas de esganadura, inúmeras escoriações e amputação parcial da orelha direita. Ainda muito perturbada por tamanha violência sofrida, foi capaz de reconhecer seu algoz (e vizinho), Leônio Barbosa de Arruda, um vaqueiro à época com 21 anos de idade.
Redação
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