O Ministério Público da Paraíba vai acionar a BraisCompany na Justiça na próxima semana para garantir o ressarcimento das pessoas que investiram na companhia esperando lucrar com o mercado de criptomoedas. De acordo com o promotor de Justiça de Campina Grande e diretor-regional do MP-Procon, Sócrates da Costa Agra, “as apurações avançaram muito nos últimos dias, com informações que elucidam a atividade da empresa Braiscompany e que reforçam a necessidade de judicialização”.
“Esta semana, tivemos acesso a informações importantes e imprimimos um ritmo mais acelerado à apuração. Acreditamos que até a próxima semana, acionaremos a Justiça, na esfera cível. Até agora, tudo corrobora para a necessidade da deflagração de uma ação civil pública, a fim de resguardar os direitos dos consumidores e reparar os danos causados à coletividade”, ressaltou o promotor. Ele diz que a parte criminal será encaminhada para o órgão competente.
A expectativa, com isso, é que parte da apuração seja remetida ao Ministério Público Federal por causa da inserção no mercado financeiro. A estimativa, publicada no jornal O Globo, é que o prejuízo para os investidores gire em torno de R$ 600 milhões. “Sobre o sigilo do procedimento, Sócrates Agra explicou que o MPPB já estava dando tratamento sigiloso às informações, porque envolvem nomes e outros dados pessoais e financeiros dos denunciantes e, para evitar prejuízos às pessoas, como também à investigação, decretou o sigilo do processo no que se refere à sua tramitação extrajudicial no sistema de informações do MPPB, o MPVirtual”, disse Sócrates Agra.
No meio das acusações está o trader Antônio Inácio da Silva Neto, que insistia em dizer, sempre que se manifestava nas redes sociais, que o valor mais importante da BraisCompany, sua empresa, era a segurança nos negócios. Nos últimos dias, porém, quando os atrasos nos rendimentos prometidos aos clientes, iniciados em dezembro, se generalizaram, Antônio Neto retirou do ar o sistema de pagamento e saiu do circuito, deixando um rombo de pelo menos R$ 600 milhões, com cerca de 10 mil investidores.
Advogados especializados em crimes financeiros preparam uma enxurrada de ações judiciais de ressarcimento contra o trader. Eles suspeitam que Neto aplicava o golpe de pirâmide financeira disfarçada de investimentos em criptomoedas, a exemplo de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins de Cabo Frio, na Região dos Lagos (RJ), e Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins de Curitiba (PR). A diferença é que, desta vez, o centro do problema é Campina Grande (PB), onde o esquema começou.
O padrão de Antônio Neto é o mesmo: um discurso refinado, que renega o sistema tradicional, uma oferta de rendimentos fabulosos e um padrão de vida milionária exibido nas redes sociais, dando a entender que o cliente também pode chegar lá. O trader, que gosta de circular ao lado de artistas e jogadores famosos, atrai a clientela pregando uma saída “para os que querem se libertar do sistema financeiro escravista”.
O esquema da BraisCompany consiste em alugar bitcoins dos clientes, que ficam custodiados em carteira gerida pela empresa, em troca de rendimentos mensais de 8% a 10%. Quando os atrasos começaram, no dia 20 de dezembro, Neto alegou que a Binance, a maior corretora de bitcoins do mundo, havia suspendido as operações da BraisCompany por problemas com outra empresa brasileira. Prometeu restabelecer os pagamentos em 72 horas, mas os atrasos se ampliaram até a suspensão em definitivo dos créditos. As informações são do Blog do Suetoni