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O lugar do perdão na política

No livro “Perdoar”, Tim Keller explica que existem três modelos de perdão na sociedade moderna: 1) perdão sem responsabilização do agressor e toda pressão sobre a vítima; 2) perdão se o agressor merecer; e 3) sem possibilidade de perdão.

Nossa “cultura terapêutica” prega que devemos olhar para nosso interior para que nos sintamos bem. Devemos afirmar nossa identidade e lutar para garantir a plena satisfação de nosso bem-estar. Não há espaço para perdão e reconciliação com alguém que erre ou que tenha um pensamento político distinto. Opinião política oposta é imperdoável!

Nessa cultura, interagir respeitosamente e perdoar oponentes não é possível. Na política, se um agente político de um lado conversar com um oponente, é um traidor. Há uma guerra a vencer e a vingança é justificada, especialmente em nome de Deus.

Certa vez, Jesus contou a parábola do “servo impiedoso” que, após ter sido perdoado de uma grande dívida, agiu com toda severidade com um de seus devedores. O rei, então, entregou o servo aos carcereiros até que pagasse tudo que devia. E Jesus disse: assim se fará com aquele que não perdoar seu irmão (Mt 18:35).

Diariamente, estamos normalizando uma cultura de polarização agressiva. Contudo, nenhuma sociedade subsiste sem perdão e reconciliação. Quando Hannah Arendt refletiu sobre o perdão na política após o Holocausto, ela disse: “sem o perdão (…), nossa capacidade de agir seria confinada a um único ato do qual jamais poderíamos nos recuperar”.

Que mundo deixaremos para nossos filhos se não conseguirmos construir pontes? Como famílias e comunidades fraturadas por conta de divergências políticas subsistirão sem perdão?

Para os cristãos, de que adiantará ganhar espaços de poder político fraturando comunidades e destruindo relacionamentos? Que tipo de “cosmovisão cristã” política se constrói sobre escombros? Por conta de Cristo, é possível perdoar e não se tornar um “servo impiedoso” com oponentes políticos.

Anderso Paz


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