No livro “O que não te contaram sobre o movimento antirracista”, as sociólogas brasileiras, Geisiane Freitas e Patrícia Silva, levantam importantes reflexões sobre a militância progressista antirracista. De início, as autoras reiteram que o racismo existe e deve ser combatido. Ninguém pode ser discriminado por conta da cor de sua pele.
As autoras chamam atenção para alguns termos problemáticos da militância antirracista. Primeiramente, a teoria do “racismo estrutural”. O ministro dos direitos humanos, Silvio Almeida, propagou a tese de que o racismo é sempre estrutural. Isto é, o racismo é produto das instituições ocidentais, como economia, direito, educação, religião.
A partir de uma premissa não provada, mas afirmada retoricamente, Silvio Almeida aproximou sua leitura do racismo ao marxismo: de luta anticapitalista à luta antirracista. A visão de Almeida opõe a identidade de pessoas negras (oprimidos) a pessoas brancas (opressores), promovendo divisionismo identitário.
Já a professora Djamila Ribeiro propagou a noção de “lugar de fala”, sem nem mesmo apresentar uma definição. O termo é uma categoria de análise que serve para interromper algumas vozes determinadas pela militância. Na prática, quem avalia quem pode falar sobre algum tema sensível é o “alto clero do identitarismo nacional” (p. 49).
O “lugar de fala” é um modo arbitrário de estabelecer quem pode falar em nome de quem. Por isso, um político negro que seja de direita pode não ter lugar de fala porque os ativistas não o reconhecem como legítimo representante da hierarquia identitária. “Negros liberais ou conservadores são duramente repreendidos por ativistas negros” (p. 79-80).
Por fim, as autoras ainda chamam atenção para o termo “apropriação cultural” que ocorre quando alguém usa elementos de uma cultura, sem pertencer àquela cultura. A militância que avalia se houve “diálogo” ou “dominação” cultural. A apropriação é legitimada ou não pelos ativistas, conforme a pessoa que se “apropria” de um bem cultural de outro.
Existem inúmeros exemplos de uso desses termos que demonstram a parcialidade e incoerência da militância na busca de “justiça social”. Linchamentos públicos, sabotagens e cancelamentos são determinados pelos ativistas, até mesmo contra pessoas negras que não conformaram sua mentalidade à vontade da militância.
De uma perspectiva cristã, todo ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus, sendo portador de dignidade intrínseca. Ninguém, absolutamente ninguém, pode ser discriminado por sua cor. O combate ao racismo precisa se orientar pelo sonho de Luther King: uma sociedade em que as pessoas não são julgadas pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.
Anderson Paz