Primeiro, vamos combinar: foi na gestão do prefeito Luciano Cartaxo em que se planejou e executou o melhor projeto urbanístico e paisagístico do Parque Solon de Lucena, desde a sua concepção original datada dos anos 40 do século passado e da lavra do internacional Burle Marx. A partir desta radical transformação, o mais emblemático cartão-postal de João Pessoa tomou a sua melhor forma, oferecendo ao pessoense um parque com pê maiúsculo, à semelhança do que se verifica nos maiores centros urbanos, dentro e fora do Brasil.
Quanto a este mérito da gestão Cartaxo, não há o que se discutir. Sobram, ainda, algumas queixas quanto à falta de estacionamento etc e tal. Mesmo assim, o projeto atual é infinitamente melhor do que todos os anteriores – excetuando-se, é claro, o original, que por décadas esteve em dia com o seu tempo. Até então, o Parque Solon de Lucena havia sido transformado num antro de prostituição, ponto de drogas, feira de troca e bebedeira. Sem falar na sujeira, que dava na canela.
Mas…
O que não dá para entender é a falta de respeito da gestão de Luciano Cartaxo com a lei, a história e, sobretudo, com a memória do grande paraibano (de Bananeiras) e ex-governador da Paraíba, Solon de Lucena, cujo nome foi dado ao mais conhecido logradouro da capital da Paraíba: ao arrepio da lei, do que pensam e desejam os pessoenses, tem envidado os esforços, por uma estratégia de marketing, para mudar o nome do Parque Solon de Lucena para Parque da Lagoa.
Que Parque da Lagoa? O que é isso, e onde fica? Ninguém sabe. O pessoense nunca ouviu falar nesse tal Parque da Lagoa, a não ser a partir deste desrespeito da atual gestão com a história da cidade. Até em sua propaganda oficial e através dos seus discursos oficiais, troca o nome do logradouro, na tentativa de imprimir na memória dos pessoense essa nova, inexplicável e horrorosa denominação.
Seja por questão de bom senso mas, sobretudo, por respeito à memória de Solon de Lucena e a vontade dos pessoense (jamais consultados sobre a tal mudança), o prefeito Luciano Cartaxo deveria ter abortado esta deplorável ideia de, a pulso, tentar mudar o nome do antigo Lago dos Irerês depois transformado (por lei) em Parque Solon de Lucena.
Pega muito mal. Dá a impressão de que Luciano Cartaxo quer entrar para a história como tendo sido ele o prefeito que originalmente construiu aquele logradouro e já com o nome do Parque da Lagoa.
A estratégia da propaganda oficial da gestão de Cartaxo é promover uma consagração popular de outra denominação do Parque Solon de Lucena, ao seu agrado e conveniências. O pessoense que nasceu depois da reinauguração do parque provavelmente nem sonha que o verdadeiro nome do logradouro é Solon de Lucena, mas Parque da Lagoa.
Além de agredir a lei, a memória de um grande paraibano, a manobra de marketing da Prefeitura de João Pessoa ainda mente para as novas gerações.
Histórico
O Parque Solon de Lucena, que os Cartaxos querem que seja Parque da Lagoa, é a maior área verde do centro da Capital da Paraíba. Pela sua localização é muito disputada para a realização de grandes eventos políticos, culturais, esportivos etc.
Segundo a enciclopédia virtual wikipedia, até o início do século XX, a região onde se situa este logradouro era um pântano conhecido como «lagoa dos Irerês», em virtude do grande número de marrecos que buscavam suas águas.
Anteriormente, a lagoa era parte de um sítio pertencente aos jesuítas franciscanos, vindo posteriormente a ser palco do «Engenho da Lagoa». Foi na administração do governador Sólon de Lucena e do prefeito Walfredo Guedes Pereira, que esse brejo foi urbanizado (1925) e finalmente transformado em parque público.
A partir de 1924, surgiu a denominação «Parque Solon de Lucena», em homenagem ao referido governador da época. Em 1940, a lagoa foi guarnecida com calçamento novo e sua fonte luminosa, iniciativa do governo de Argemiro de Figueiredo.
Eventos históricos
Em 25 de agosto de 1975, ainda segundo a wikipedia, enquanto autoridades militares promoviam passeios em uma balsa para comemorar a Dia do Soldado, ocorreu uma tragédia de grandes proporções causada pelo número excessivo de passageiros embarcados nesse veículo aquático, levando à morte por afogamento trinta e cinco pessoas, das quais vinte e nove crianças. Este fato, ocorrido no dia 25 de agosto de 1975 foi a maior tragédia já registrada no local, e que resultou na morte de 35 pessoas, das quais, 29 eram crianças.
Outros fatos
Num dia de 1981, em decorrência de fortes chuvas que caíram à noite, duas estudantes que moravam num pensionado da Avenida 13 de Maio, área central de João Pessoa, foram arrastadas para dentro da lagoa do Parque Solon de Lucena, após o desabamento do piso da antiga residência, sob a qual passava uma das galerias fluviais descambavam na lagoa. As duas passaram por toda a tubulação, e uma morreu.
Mais uma
Outro acontecimento registrado, este em 2007, é o de um ônibus que conduzia 80 passageiros caiu dentro da Lagoa. “Não houve mortes. O veículo perdeu os freios na descida da Avenida Getúlio Vargas, bateu em outro e em uma palmeira antes de mergulhar na Lagoa”, relatou o jornalista, que atuou como repórter e editor em jornais da cidade e fez a cobertura jornalística dos fatos relatados no livro que escreveu sobre a Lagoa.
Sobre Solon de Lucena
Filho de Virgínio de Melo e Amélia Barbosa de Lucena, sobrinho-neto do barão de Lucena e primo em 2º grau de Epitácio Pessoa, segundo a wikipedia. Assumiu o governo da Paraíba, de 1 de julho a 22 de outubro de 1916, quando presidente da Assembleia Legislativa, devido à renúncia por motivos de saúde de Antônio da Silva Pessoa.
Foi eleito presidente da Paraíba em 22 de julho de 1920, governando o estado de 22 de outubro de 1920 a 22 de outubro de 1924. Construiu, em 1923, a primeira escola pública de Campina Grande, o Grupo Escolar Solon de Lucena, onde funciona atualmente a reitoria da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que teve como primeiro diretor Mário Gomes.
Em 1922 urbanizou a área no entorno da Lagoa dos Irerês, localizada no centro de João Pessoa, criando o Parque Sólon de Lucena, o principal cartão postal da capital paraibana.
Wellington Farias
PB Agora