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Opinião: Abrandar o combate ao coronavírus no pico da pandemia. Qual a lógica?

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Segundo o mais recente boletim sanitário – até o fechamento da coluna – só no domingo (4) foram registrados, na Paraíba, mais 1.081 novos casos de Covid-19 e 40 mortes confirmadas.

São números extremamente preocupantes, devastadores que denotam um extermínio gradual da população. Estamos falando de 40 mortes diárias só de Covid-19, cifra esta que já andou beirando a casa dos 70.

Agora, sejamos sinceros: qual é a lógica de abrandar as medidas restritivas, em meio a um elevado índice de contaminação, de confirmações diárias de casos de Covid-19 e de dezenas de mortes? Tem alguma lógica? Qual? Nenhuma, a não ser a lógica do mercado, da ambição, de quem só pensa em cifras; e na lógica de governos sem pulso para tomar (e manter) as medidas que a ocasião recomenda.

Tudo bem que há um fato novo, que é a vacinação. Mas vacinação nenhuma garante que não podemos ter uma nova onda de contaminações e mortes com tudo voltando praticamente ao normal.

Defunto não é cifra
Se pensarmos em cifras, jamais chegaremos a sentir o impacto real do que significam estes números da pandemia.

Imaginemos, portanto, 40 caixões de defuntos diariamente perfilados ao longo da Avenida Epitácio Pessoa.

Ai, sim, sentiremos o verdadeiro impacto das vidas que estão sendo perdidas só na Paraíba.

Agora, imaginemos que dentro desses 40 ou 50 caixões de defuntos diários, estejam seus pais, mães, avós, irmãos, primos, amigos queridos etc e tal. Só assim teremos, de fato, a noção exata do que são todas essas mortes acontecendo em grande escala, como nunca se viu desde 1918 por ocasião da gripe espanhola.

Primeira onda
Lembremos que em 2020 tivemos a primeira onda de coronavírus. No começo, as medidas restrititas foram mais rigorosas – embora não suficientes –, com barreira sanitárias em tudo que é cidade, hospitais de campanha etc e tal.

Além de que os números de casos e mortes eram bem menores. A não ser no Amazonas, que foi um caso a parte, com defuntos sendo enterrados às dezenas por vez.

Àquela época, a situação não estava totalmente sob controle, mas o combate ao coronavírus e à Covid-19 era mais eficiente.

Até que, por notória pressão do mercado, os governos acenaram com a bandeira da tal “flexibilização”. Ai o velho corona vibrou, foi pra galera comemorar, e partiu pra cima da população da Paraíba e do Brasil, matando com força.

Quando se fala em flexibilizar, a grande maioria da população entende que o vírus está nos deixando, se já não nos deixou. Aí relaxa geral.

E foi assim que a chamada segunda onda se ergueu com toda a força: primeiro veio a flexibilização, depois vieram as campanhas eleitorais, na sequência, festas de fim de ano e carnaval.

Agora há um fato novo, que é a vacinação. Os primeiros resultados deste processo de imunização sugerem que há um declínio na escalada de contaminação, casos confirmados de Covid-19 e mortes.

Mas será que esta queda continuará após tudo voltar ao praticamente normal?…

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