O episódio inerente à tumultuada permanência no Governo Federal do ministro Luiz Henrique Mandetta denota que o Brasil está como um barco à deriva, sem comando. Pelo menos, até que não haja novos desdobramentos inversos ao que se verificou nas últimas 24 horas.
É mais do que certo e sabido que o presidente Jair Bolsonaro, o mito para uma legião de meia dúzia, não suporta mais a presença de Mandetta no seu ministério e a sua vontade era tê-lo defenestrado do cargo ontem à tarde. Diz-se, até, que o Decreto Presidencial exonerando Mandetta já estava pronto e assinado.
Bolsonaro, no entanto, não demitiu o Ministro da Saúde.
Ao final da tarde da segunda-feira (6), três generais teriam ido ao Gabinete Presidencial, segundo uns, para ordená-lo a não mexer com o ministro e, segundo outros, apenas ponderar pela sua permanência. O fato é que, a maior autoridade da República, engoliu a seco o desejo ardente de demitir o seu ministro da Saúde.
A visita dos generais ao capitão Bolsonaro, segundo informações que circulam nos bastidores de Brasília, fora apenas a gota d’água. Antes, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, David Alcolumbre, ambos do DEM, partido ao qual também pertence Mandetta, teriam ameaçado declarar guerra a Bolsonaro, caso ele consolidasse o desejo de exonerar o ministro da Saúde.
O primeiro tiro dessa batalha seria desengavetar e por em tramitação o pedido de impeachment protocolado na Câmara Federal pela direção nacional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Não há definição melhor para o Bolsonaro de hoje do que o já batido título de rainha da Inglaterra: Reina, mas não governa.
O presidente Jair Messias Bolsonaro, que a cada dia só faz besteira e perder apoios importantes, está metido entre a cruz e a espada: Se não demitir o ministro Mandetta, estará desmoralizado; passará atestado de fraqueza e de que perdeu por completo a capacidade de governar o país. Afinal de contas, um presidente que não tem força para demitir um ministro precisa se convencer de que deve pegar o boné e se mandar.
Mas se, por alguma razão, adquirir coragem para tirar Mandetta do Ministério terá ido contra os anseios do povo brasileiro, a essa altura, aflito com a presença cada vez maior do coronavírus e diante de uma possibilidade real de o país perder o controle da pandemia e a mortandade se instalar no Brasil.
Para resumir os acontecimentos mais recentes no alto escalão da República: Bolsonaro que pretendia e estava certo de demitir o seu ministro da Saúde, na verdade terminou sendo demitido por ele. Se não da Presidência, mas pelo menos da prerrogativa de tirar e botar o ministro que quiser.
Wellington Farias
PB Agora
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