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Opinião: evangélicos são quem ainda garantem alguma popularidade ao Governo do “Messias”

Foto: SERGIO LIMA / AFP

Leonel de Moura Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro – mas que nunca conseguiu concretizar o sonho de ser presidente do Brasil – era bom de previsões políticas.

Acertava quase todas. Numa delas – datada do ano 2000 – foi profético: era preciso conter a exagerada ocupação de espaços na política e no aparelho estatal por evangélicos preocupados muito mais com dinheiro e prosperidade, do que verdadeiramente com Deus.

Já àquela altura, Leonel Brizola receava que esta ocupação se tornasse um monstro na vida política-administrativa nacional.

Frente

Calculadamente, os evangélicos, sobretudo os neopentecostais, tomaram gosto pela política. Ao ponto de hoje, seja através dos seus púlpitos-palanques e até de sua poderosa Frente Parlamentar Evangélica – composta de senadores e deputados – não só ocupam os mais generosos espaços como exercem uma grande influência até sobre o presidente da República.

Esta Frente Parlamentar tem operado em nome dos interesses de alguns pastores e igrejas evangélicas vendedores de prosperidades com o encaminhamento de demandas às autoridades em todas as esferas da vida pública brasileira.

Dívidas

Desde o ano passado, por exemplo, a tal Frente encaminhou demandas ao presidente Jair Messias, sendo que uma delas se configura num aparente calote ao erário: pedem a dispensa das dívidas de suas igrejas com a Receita Federal.

O montante das dívidas evangélicas com o Fisco nacional não sabemos, ao certo. Mas, para se ter uma ideia, só a dívida da famosa Igreja Internacional da Graça de Deus, do pastor R. R. Soares, monta em R$ 144 milhões.

No último lance dessas negociações, há menos de uma semana, representantes desta igreja e o presidente Messias estiveram reunidos na Secretaria Geral da Receita Federal tratando da anistia das dívidas.

Não se sabe ao certo o desfecho desse encontro noticiado pela imprensa nacional, mas o que se tem constatado é que o presidente Messias anda como que refém dessa tropa, sabedor de que o eleitorado que segue a orientação dos púlpitos-palanques representam exatamente 30% dos eleitores brasileiros e são estes que ainda garantem a popularidade da figura presidencial.

Para contextualizar a situação, convém lembrar que o ex-secretário geral da Receita Federal, Marcos Cintra, foi demitido em setembro de 2009, oficialmente por haver revelado detalhes da reforma tributária a ser proposta pelo governo, mas que ninguém nos bastidores do poder tem dúvida de que o motivo principal foi ele não ter dado trâmite às demandas neopentecostais…

Segundo informações contabilizadas pela imprensa nacional, o eleitorado evangélico e militar representam 40% dos eleitores do Brasil. Desse montante, 30% são fechadíssimos com Bolsonaro.

Como se vê, o poder de pressão dos evangélicos é bem considerável. E se torna grandioso em meio a um momento de crise, em que o presidente Messias se vê cada vez mais isolado, em conflito com as instituições, abandonado aos poucos pela sua legião de idólatras etc.

Crise

Um fato confirma a constatação de que Jair Messias se apega à tábua de salvação evangélica. Nas duas crises recentes, de confronto com os seus dois mais populares ministros – Luiz Mandetta e o “ex-herói nacional” Sérgio Moro – a popularidade da figura presidencial ainda se mantém em níveis considerados bastante generosos para quem enfrenta um dos seus piores momentos de desacerto com a nação.

 

Wellington Farias

PB Agora

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