Ele já tem os primeiros cabelos brancos cobrindo parte da sua cabeça quase pontuda. Rugas aparecem na sua fronte. Pega os inúmeros bisturis marcados pelo tempo. Segue o médico na busca para salvar vidas. Lembra, ele, o juramento de Hipócrates, pautado na ética e sacrifício, no desejo próprio de conservar a “imaculada minha vida e minha arte”.
E tal arte está profundamente relacionada ao resguardo da vida. A busca de soluções para manter o paciente vivo, e caso não seja possível, reduzir sua dor na hora da partida e, também, consolar, mesmo que de maneira gélida, a família do outrora enfermo. Há, ainda, o outro lado da cortina. Dar as “boas novas” e falar que o outrora moribundo já não é mais. Está a ter esperança para continuar na Terra.
Esse é um resumo mais que superficial dos desafios daqueles que escolheram a medicina como profissão. Acontece que, em tal querer, muitos jovens sonham, e têm o completo desejo de ajudar o próximo nas chamadas ciências médicas. Trata-se de um gosto natural de acudir, sem esquecer, claro, as supostas boas remunerações financeiras existentes para a área.
E como a concorrência em medicina é a maior nas universidades públicas do país, o sonho, por vezes, torna-se inviável. Por mais que o discente estude, não consegue seu êxito. Um Everest inteiro bloqueia seu caminho.
Resultado: frustração e desânimo; mas aqueles e aquelas que têm uma família com bom poder aquisitivo, podem recorrer ao chamado “pai e trocício”. O que garantirá a seus filhos e filhas as bancas universitárias particulares e caras, lógico.
E não restam dúvidas: filhos e pais penam para chegar a uma equação exata a fim de pagar uma mensalidade exorbitante em nome de um desejo. O desejo de ser médico ou médica. Salvar vidas, embora que os salários desses profissionais estejam em franca queda livre.
Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba e sua incoerência
E aqui faço uma indagação: como o custo de um curso de bacharelado em medicina é tão majorado nas universidades e faculdades privadas do país? Para se ter uma ideia, os alunos da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCM) pagam, por mês, R$ 9.954,01. Esse valor era de R$ 8.680,00 entre os anos e 2019 e 2020.
Arbitrariedade
Apesar da decisão judicial obrigando a (FCM) em conceder descontos de 25% nas mensalidades dos cursos de graduação e pós-graduação presenciais que tenham sido convertidos para a modalidade à distância (EAD), devido à pandemia da covid-19, o acordo não foi cumprido. E veio o aumento, causando comoção nas famílias que usufruem da unidade ensino.
A coluna buscou saber o motivo do aumento por várias vias, até ser colocada no sistema de perguntas. Para a surpresa, mesmo falando com um ser humano, a pessoa que atendeu meus questionamentos, por um chat, não entrou em detalhes, pedindo que fosse, eu, informado sobre valores com a secretaria da instituição. E assim fiz. Liguei diversas vezes para o número indicado, e ninguém atendeu.
Em suma: alunos dessa instituição, apenas para receberem seus respectivos diplomas, pagarão ao longo do curso algo próximo a R$ 1 milhão. Isso mesmo! E os valores não se diferem muito no Brasil de “meu Deus”.
Mude a ideia!
E é ponto final! Não conseguindo entrar em uma universidade pública no Brasil, busquem outras opções. Falo dos alunos que desfrutam da boa renda dos pais. Há faculdades ou universidades privadas mais baratas no setor particular do país. E, não havendo possibilidades no Brasil, outros países do Mercosul têm opções mais equânimes em relação de preços, cuja qualidade é a mesma. Vale, nesse caso, pais e filhos sentarem, a fim de tomar uma decisão conjunta. Economia e excelência nos estudos. Algo fundamental em qualquer tempo político, econômico e social.
Importante, em caso de curso no exterior, antes de fazê-lo, observar a validação do diploma em terras brasileiras. E o povo agradece. Entendo que bons profissionais da área médica não são mercenários, mas, sim, preparados para salvar vidas.
Eliabe Castor
PB Agora