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Análise: fragilizado no PSL e desgastado no ciclo militar, soltura de Lula dá sobrevida a Bolsonaro

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“Diante de uma larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, ali, ataque com a sua maior força”. A frase foi retirada com pinça para iniciar este texto. Ela veio de um recorte do legendário livro “A Arte da Guerra”, escrito pelo estrategista militar de Sun Tzu durante o século IV a.C.

Tzu, além de estrategista, foi general e filósofo. A sua obra, dividida em 13 capítulos, é estudada no mundo inteiro a fim de trazer o “campo de batalha” para o cotidiano das pessoas. Do mundo empresarial ao marketing. Da economia à comunicação social.

E por ser concebido para um cenário de guerra, é lógico que a publicação é estudada e discutida à exaustão nas academias militares de todo o mundo, aí estando as Agulhas Negras, que forma a elite do oficialato do Exército brasileiro. Local, inclusive, “embrionário” para o temperamento belicoso e equivocado do presidente da República Jair Bolsonaro.

E aqui vale uma observação. O Exército da década de 60, o que o presidente idolatra, mudou. O modo de pensar dos generais e seus colegas da Marinha e Aeronáutica está centrado em ações sociais e no guarda da soberania do país. É a diplomacia que se sobrepõe à baioneta.

Agora vale observar outro aspecto: o pensamento vigente na caserna busca adotar um discurso mais brando a supostas convulsões sociais internas no país. “Anos de chumbo” nunca mais, o que irrita Bolsonaro, um linha dura, que tem fascínio em liquidar “comunistas imaginários”.

E por já perceber que não goza mais de um apoio incisivo das Forças Armadas, daqueles de alta patente que foram para as ruas em reluzentes uniformes. Emitiram Ordens do Dia para os quartéis, promoveram palestras. Tudo isso em 2018 a fim de eleger Bolsonaro, o “mito” partiu para outra frente de batalha, como recomenda Sun Tzu.

Seguindo a lógica Tzu, nada melhor para o chefe do Executivo brasileiro que a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso mesmo! A saída do petista da carceragem criou uma cortina de fumaça nos eventos que estavam (e ainda estão) pondo de joelhos o capitão, envolto em quadro convulsivo e até certo ponto perigoso para a própria democracia do Brasil.

Com matérias importante e impopulares enviadas pelo ministro da Economia Paulo Guedes ao Congresso, crise no PSL, a queda de popularidade do presidente, as asneiras proferidas por seus filhos, uma relação nebulosa dos Bolsonaro com o caso Marielle e milícias; a “vinda” de Lula foi, numa estratégia de guerra, sopro de esperança para o governo liberal.

Com Lula nas ruas e seu périplo já anunciado por todo o Brasil, o recrudescimento da polarização entre petistas, somado à esquerda de um lado, e no outro front os bolsonaritas, liberais e a ultradireita servirá de lastro político para o presidente.

Bolsonaro entende de expedientes que no “mundo civil” inexiste. Não há dúvidas. Usará o carisma de Lula e o antipetismo novamente a seu favor. Uma espécie de contraguerrilha política e ideológica.

É bem certo que os militares não mais “paqueram”o presidente, aquele já exonerou seis generais do seu alto escalão e um sem fim que ocupavam cargos menores.Mas os mesmos “milicos” não nutrem amores por Lula.

Eles ficarão onde estão. Em “prontidão” sonolenta, entendendo que seu papel nunca esteve próximo à política partidária, como aconteceu de forma ampla em 2018. Ficarão à espreita, observando a “banda passar”.

Outro ponto a ser levado em consideração em favor de Bolsonaro: com o ex-presidente petista solto, as redes sociais convulsionam e o PT volta a ser o centro das atenções, não mais o “mito”, suas crias, Moro e Paulo Guedes. Pelo menos nos primeiros momentos.

E nessa texto já apresentado, é bom que se diga: apenas os eleitores de Lula não conseguirão pô-lo numa eventual recondução à Presidência da República em 2022. E ainda há óbices jurídicos. No outro lado da moeda, os eleitores-raiz de Bolsonaro também não conseguirão reeleger o capitão.

E novamente a eleição será decidida pelos eleitores que hoje odeiam Bolsonaro e têm asco a Lula. Buscarão, eles, um candidato de centro, ou centro-esquerda. E o termômetro do futuro presidente virá em bola de cristal a ser acionada nas eleições para prefeitos e vereadores em 2020.

“Diante de uma larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, ali, ataque com a sua maior força”. Lembra dessa frase, não é leitor? E bom Bolsonaro e Lula guardarem essa escrita no cérebro. Valerá ouro tal afirmação muito em breve.

Eliabe Castor
PB Agora

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